O dia seguinte à eleição municipal de 2016 deve trazer um Planalto mais azul. A vitória do PSDB em São Paulo – estado do presidente da República, onde o seu PMDB morreu na praia – torna Michel Temer políticamente mais dependente do tucanato, e portanto mais comprometido com as reformas pregadas por eles.
Por outro lado, dificulta um movimento que o presidente estava prestes a fazer: substituir o ministro da Justiça, Alexandre Moraes, ligado ao governador Geraldo Alckmin.
Reformas ministeriais são decorrências quase obrigatórias de eleições, e Temer já estava até procurando nomes. Moraes, depois de declarações desastrosas e um certo vedetismo, estava na marca do pênalti. Com o fortalecimento de Alckmin, expresso no feito inédito de eleger João Doria em primeiro turno na capital e em uma serie de vitórias no interior, fica mais complicado o movimento. Moraes agora só deve sair desta para algo melhor, como uma vaga no STF, por exemplo.•
É certo que Temer terá que fazer um movimento de aproximação em relação a Alckmin, que passa ser o nome mais forte para a candidatura tucana em 2018. Afinal, a parte do PSDB mais próxima do presidente é a que perdeu neste domingo, a ala ligada a José Serra, que apoiou Marta Suplicy e que, num futuro não muito distante, poderia vir a entrar no PMDB para construir uma candidatura à presidência na sucessão de Temer.
Agora, todo cuidado é pouco para o presidente da República em relação a 2018. Ele terá que manter os auxiliares mais afoitos sob controle e segurar ambições, por exemplo, do próprio Serra e de Henrique Meirelles, para não melindrar o governador de São Paulo.