O calendário aprovado agora há pouco pela Comissão do impeachment dá mais tempo para a defesa da presidente afastada e alguma previsibilidade ao processo político. Por exemplo: a ideia do Planalto de já ter na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, dia 5 de agosto, Michel Temer como presidente efetivo foi para o espaço. Ainda que devidamente separados pelo cerimonial, estarão lá na solenidade no Maracanã Dilma e Temer, dividindo a mesma vaia.
O presidente da Comissão, Raimundo Lira, recuou na questão de ordem em que aceitara reduzir de 15 para 5 dias os prazos da acusação e da defesa porque, além debater sido acusado de casuísmo, foi alertado de que o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, aceitaria o recurso da defesa contra a supressão dos prazos. Com isso, tenta pacificar o ambiente carregado que tomou conta da comissão.
Mas vai ser difícil. A defesa apresentou nada menos do que 32 nomes de testemunhas a serem ouvidas. Entre elas, gente midiática e boa de briga como o ex-ministro Ciro Gomes. A própria Dilma pode garantir o Ibope da Comissão se resolver comparecer pessoalmente no dia 20 de junho à sessão reservada para seu depoimento. Mas a decisão ainda não foi tomada.
O entorno da presidente afastada está dividido em relação a seu comparecimento. Alguns acham que a exposição à agressividade dos acusadores pode provocar constrangimentos desnecessários, numa situação em que alguns senadores começam a admitir mudar seu voto e ficar contra o impeachment. Já outros são de opinião que ela deve ir e aproveitar o depoimento para obter espaço na mídia e dar o seu recado – sobretudo se considerar não ter nada a perder.
A única certeza é de que a decisão será tomada pela própria Dilma, provavelmente em cima da hora. Mas ao Maracanã ela já mandou dizer que vai.