Michel Temer, com a ajuda e concordância de Rodrigo Maia e Renan Calheiros, fez o que era preciso para tentar baixar a temperatura da crise e tomar distância da impopular anistia que os políticos estavam prestes a se autoconceder. Nessas horas, garantir a sobrevivência política – que entraria numa zona de risco dependendo da reação popular à anistia- é o principal. Mas haverá consequências e danos colaterais.
Quem conversou com lideranças partidárias e caciques mencionados na Lava Jato na virada de domingo para segunda-feira encontrou-nos bastante preocupados e até irritados. Prevêem uma reação bastante negativa da tropa, que pressionava por algum tipo de anistia ou alívio. Esses parlamentares acham que, sem a anistia ou algo que o valha, a base governista vai dar algum troco ao Planalto, no plenário e fora dele, o que pode ser muito ruim para quem precisa aprovar reformas impopulares.
A primeira vítima dessa reação pode ser a candidatura de Rodrigo Maia à reeleição, que seria pule de dez se a anistia vingasse sob a sua condução. A vingança dos colegas agora poderá ser o questionamento Juridico de sua reeleição – que já está até nos jornais de hoje.
Não por acaso, os mesmos articuladores que trabalharam semana passada pela anistia é hoje a renegam amanheceram nesta segunda quebrando a cabeça para encontrar alguma solução alternativa antes da concretização da delação da Odebrecht. Entre elas, a esdrúxula emenda que limita em
seis meses o prazo durante o qual um parlamentar poderia ser investigado – com poucas chances de ser considerada constitucional.
Ainda que execrado pelos chefes do Executivo e do Legislativo, o tema
da anistia aos políticos voltará. Só resta saber sob que forma.