Pessimismo dos banqueiros sobre fim da recessão afeta economia real

Ministro Henrique Meirelles ao lado do presidente Michel Temer

Nos últimos dias o sentimento de confiança na retomada do crescimento vem perdendo espaço para o pessimismo devido à crise política que se instalou no Palácio do Planalto e o lento efeito das medidas de ajuste fiscal sobre a economia real.

As projeções divulgadas hoje pelas instituições financeiras são de que o Produto Interno Bruto (PIB) vai encolher 3,49% neste ano e crescer 0,98% em 2017. Foi uma longa queda: o Ministério da Fazenda já havia chegado a estimar um crescimento de 1,6% do PIB no ano que vem.

O problema efetivo desta visão pessimista dos banqueiros é o papel que eles próprios têm na economia. Acreditando em menor crescimento, os bancos reduzem a oferta de crédito e elevam os custos do dinheiro para evitar calotes e com isso a economia tem maiores dificuldades de sair do atoleiro.

Mas, como sabemos, os banqueiros são pragmáticos. Na semana passada, dois deles — Roberto Setubal, do Itaú, e Luiz Carlos Trabuco, do Bradesco — estiveram com o presidente Michel Temer, sugerindo medidas no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) para tirar a economia do buraco.

Muitos empresários que estiveram neste encontro ouvindo a defesa da PEC do teto de gastos e da reforma da Previdência defenderam medias adicionais de estimulo à economia, como linhas de crédito para o varejo pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BDNES) para estimular o consumo diante do recuo dos bancos privados neste tipo de operação.

Com um olhar diferente, o ex-presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga, em entrevista ao Valor Econômico de hoje, defende um ajuste fiscal mais robusto para diminuir a pressão sobre a política monetária. Para atingir este objetivo, Fraga sugere a elevação de impostos ou redução das desonerações de tributos concedidas a grupos de interesse.

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Formado em jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul com pós graduação em jornalismo econômico pela Faculdade de Economia e Administração(FAE) de Curitiba/PR. Repórter especializado em finanças públicas e macroeconomia, com passagens pela Gazeta Mercantil, Folha de São Paulo e Secretaria de Comunicação da Presidência da República. Participou da cobertura de formulação e implementação de todos os planos econômicos do país deste o Plano Cruzado, em 1985, ao plano Real, de 1994. Sempre atuou na cobertura diárias das decisões de política econômica dos Ministério do Planejamento, Fazenda e Banco Central. Experiência em grandes coberturas de finanças como das reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional(FMI), do Banco Mundial(BIRD) e Banco Interamericano de Desenvolvimento(BID).