A esta altura do campeonato, como já dissemos aqui, as pesquisas têm pouco a ver com o que realmente vai acontecer nas eleições de 2018. Paradoxalmente, porém, têm enorme importância no processo que vai desembocar lá, atribuída sobretudo pelos candidatos e pela mídia. É por isso que o prefeito João Doria – que a rigor está empatado no quadro presidencial das pesquisas com o governador Geraldo Alckmin – teve um fim de semana de terror.
Afinal, foi o próprio Doria quem colocou as pesquisas como critério preferencial para escolha do candidato do PSDB à presidência, deixando num plano secundário a proposta de prévias defendida pelo governador. Agora, Doria está perdendo em seu próprio terreno, conforme mostrou o DataFolha deste domingo, que deu fôlego ao padrinho na disputa com o ex-apadrinhado.
O prefeito não só sofreu uma queda de nove pontos em sua aprovação geral, como perde para Alckmin na preferência dos paulistanos em relação a quem deve ser o candidato tucano ao Planalto. Para 45%, o melhor nome seria o do governador, enquanto 31% preferem o prefeito.
Além de mostrar que, em matéria de esperteza política, o picolé de chuchu dá de dez a zero no prefeito, o que mais querem dizer esses números?
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Mostram, antes de tudo, que a estratégia de Doria, animado pelo apoio das elites, de viajar e expor-se à mídia num grau máximo, não funcionou tão bem assim em casa. Quem o elegeu há nove meses decepcionou-se, pois não mostrou serviço na cidade e passou a ideia de oportunismo, ou seja, de pensar mais em si próprio – e num futuro mandato – do que em São Paulo. Os números do Datafolha, aliás, deixam bem explícita essa percepção.
Isso quer dizer que Dória está fora da corrida presidencial? Não, pelo menos ainda não. Muita coisa ainda pode vir. Mas é uma lição, para ele e para todos os políticos ambiciosos do país: marketing é muito bom para ganhar eleições, mas governar é outra coisa. Não há marketing que salve uma gestão se o governante não governar.
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