Com quase três dezenas de senadores no alvo de acusações diversas, deu Efeito Orloff na cabeça. Cada um dos 44 colegas que encararam os holofotes para votar pela restituição do mandato ao senador Aécio Neves pensou muito mais na possibilidade de estar amanhã em seu lugar do que na pressão da opinião pública e no desgaste inevitável que a decisão vai acarretar.
Isso quer dizer, acima de tudo, que o Parlamento brasileiro, que tantas vezes recuou em tentativas de reagir à Lava Jato ao ter suas manobras expostas pela mídia, perdeu a vergonha. A esta altura, no limite que só a necessidade de sobrevivência impõe, passou a operar claramente para salvar os seus – e dificilmente essa reação vai ficar só nisso.
A aliança que salvou Aécio no plenário azul e deverá salvar Temer no plenário verde, tendo como protagonistas o PMDB e o PSDB, deverá produzir também normas legais destinadas a aliviar as punições aos acusados da Lava Jato. Estão em xeque dispositivos do Codigo Penal que tratam da prisão preventiva e da delação premiada, sem contar a articulação dos que ainda trabalham para separar mais claramente os crimes de propina e de caixa 2.
Agora, é só questão de tempo, pois eles criaram coragem.