Quem tem meia dúzia de candidatos não tem nenhum – e as forças da centro-direita brasileira estão quase nessa situação. Já têm Geraldo Alckmin, Henrique Meirelles, Michel Temer, e, agora, nas festas de Natal, ganharam Rodrigo Maia – que, informa-se, terá sua pré-candidatura lançada pelo DEM na convenção de fevereiro. Se contarmos os que ainda podem hipoteticamente sonhar em entrar no páreo – o desafiante tucano Arthur Virgílio, o sempre pronto João Dória e, quem sabe, um arrependido Luciano Huck – chega-se fácil À superpopulação. Mas dificilmente à presidência da República.
Diante desse plantel, Rodrigo Maia, que inegavelmente vem crescendo e adquirindo dimensão política, tem todo o direito de colocar seu nome na pedra como representante do campo conservador, queridinho do mercado e promessa na nova direita brasileira. Teoricamente, tem as ferramentas necessárias para ser candidato a candidato do establishment. Só que o Alckmin também. E o Meirelles também. Com alguma boa vontade – que só surgirá em caso de sucesso explícito da economia -, Michel também.
Outra característica comum entre eles é que, em maior ao menor grau, parecem padecer do mesmo mal: falta de votos. Nas pesquisas, têm percentuais mínimos, com a modesta exceção de Alckmin, que em alguns levantamentos chega aos 8% – o que também não é proeza para quem é governador de S.Paulo e já disputou a presidência.
Essa situação pode mudar? Claro que sim, sobretudo se, algum dia, todos se juntarem.
Raras vezes o establishment econômico, o chamado PIB, apostou num só cavalo no início de uma disputa, a um ano da eleição. Em 1989, por exemplo, flertou com muita gente – inclusive o tucano Mário Covas – até se fixar em Fernando Collor, quando este se tornou o mais viável para derrubar Lula. É curioso que, quase vinte anos depois, estejam numa situação parecida, tentando derrubar de novo o mesmo sujeito, embora as circunstâncias sejam totalmente outras – e o eleitor também.
Mas o que estamos vendo agora é um bando de nomes da centro-direita, sem maior atratividade, em teste para ver se algum deles convence. Em tese, quem conseguir vira “O” candidato do centro. É alto porém, o risco dessa estratégia dar errado. Enquanto disputam, os pré-candidatos do centro vão se desgastando uns aos outros.
Só nos últimos dias, Meirelles deu várias estocadas em Alckmin, na pior delas dizendo que ele não será o candidato do Planalto. Levou também as suas, como a observação de Rodrigo Maia de que sentiu falta de uma palavra de Meirelles sobre a reforma da Previdência no programa de seu partido, o PSD.
Maia, por sua vez, bastou botar a cabeça para fora para ver publicado na imprensa relatório da investigação da PF sobre doações da Odebrecht à sua campanha na caixa 3. Episódio parecido, aliás, com o da semana passada, quando o Cade, órgão governamental, resolveu divulgar informações sobre a investigação dos cartéis em obras de São Paulo nos governos tucanos…
Do jeito que a coisa vai, nesse ritmo autofágico, as forças de centro vão passar da profusão de candidatos à situação oposta: não vai sobrar nenhum para contar a história. Muito menos para ganhar a eleição.