O jogo para tirar Maluf da cadeia e resgatar a impunidade eterna

Paulo Maluf.

Na esteira do liberou geral puxado por Gilmar Mendes, políticos acusados de corrupção, seus advogados e até os assessores de crise sentiram-se à vontade para também nadarem de braçada.

Tentam emergir depois de submersos pela Operação Lava Jato, que parecia ter lhes tirado a varinha mágica da impunidade.

Com uma canetada, Michel Temer ampliou o tradicional decreto de indulto natalino para beneficiar a turma condenada por corrupção. Foi caso pensado. Fez isso em função do “momento político adequado”, como sublinhou Torquato Jardim, ministro da Justiça.

Nesse embalo, rola uma empreitada para tirar Paulo Maluf da cadeia. Seus advogados, com o onipresente Kakay à frente, apostam na imagem de um velhinho alquebrado como o melhor argumento para a Justiça manda-lo para casa.

Dizem que, nessas condições, punir Paulo Maluf — mais duradouro símbolo de que aqui a corrupção compensa — seria desumano.

Nessa mesma toada, Mário Rosa –uma versão de Kakay no tal mercado de assessores de crise –, em artigo publicado no site Poder 360, filosofa sobre a prisão de Maluf. “A imagem de um senhor de 86 anos, com bengala e câncer de próstata sendo levado à prisão é um retrato do fim da impunidade? Ou significa quase um martírio imposto a um inválido, por mais culpa que ele tenha acumulado durante a vida? “.

Mais adiante, outra pérola de Rosa: “Se tivéssemos prendido o Maluf jovem, se tivéssemos atropelado prazos, garantias, recursos, nenhum de nós teria de testemunhar esse padecimento? Ou seja, a culpa do martírio de Maluf na velhice não foi não o termos martirizado quando jovem?”.

Ele responde às próprias perguntas: “Não. A Justiça não é um instrumento de martírio. A comoção de penalizar um senhor de 86 anos, com câncer, não deve servir de justificativa para praticarmos uma justiça meteórica, justiceira, como solução para evitarmos situações como essa. É triste a impunidade. Mas a cena de Maluf preso não é menos melancólica. E seu antídoto não é o jacobinismo”.

Por essa ótica, se a Justiça for ágil – como a Lava Jato em Curitiba e a corte em Nova York que começa a julgar a quadrilha que sempre mandou e desmandou no futebol brasileiro – vira atropelo.

Se o julgamento se arrastar, por causa da profusão de recursos dos advogados de defesa, se não prescrever, os acusados envelhecem e puni-los passa a ser desumano.

Noves fora, sempre haverá motivos para censurar a punição, a qualquer tempo, aos corruptos.

Essa é a regra quebrada pela Lava Jato e por outras investigações sobre desvio de dinheiro público.

É isso que eles desejam reverter.

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