Dilma janta com Lula, que tenta cabalar votos no Senado

Lula e Cardozo, Foto Orlando Brito

A presidente afastada Dilma Rousseff jantou ontem à noite no Alvorada com o ex-presidente Lula. Não se sabe bem o tom da conversa, mas ex-ministros e aliados de Dilma esperavam que, dali, surgisse uma estratégia mais organizada para tentar levá-la de volta ao Planalto. Na verdade, esses observadores constatam que, até aqui, Lula, embora participando de conversas internas, não estaria se expondo publicamente, passando a impressão de já ter jogado a toalha em relação à possibilidade de reverter o impeachment.

Nos poucos eventos de que participou nessas duas semanas de afastamento, Dilma não teve a companhia de Lula e nem de governadores do partido. Poucos petistas de peso, na verdade, têm aparecido com a presidente afastada. Exceção feita a sempre leais ex-auxiliares como José Eduardo Cardozo, Aluizio Mercadante e Gleisi Hoffmann, que vem lutando diariamente no Senado para atrapalhar o processo e o governo Temer.

Tudo indica que a cúpula petista, de fato, está pensando no futuro, um futuro sem Dilma. Mas os tropeços do governo Temer nessas duas semanas, em especial o episódio Romero Jucá, animaram alguns, além do entorno da presidente afastada. Começam a pensar na possibilidade de cabalar votos entre senadores que votaram pelo afastamento mas já estariam insatisfeitos com o novo governo, sobretudo os que são sensíveis aos discurso da ética, como Cristovam Buarque (PPS-DF) e Reguffe (sem partido-DF). Como Temer obteve apenas um voto a mais do número necessário para aprovar em definitivo o impeachment (55), Lula seria fundamental nessa estratégia de dois pra lá, dois pra cá.

Os próprios petistas reconhecem, porém, que as chances são pra lá de remotas. Até porque Temer, que não é bobo e tem a caneta na mão, está fazendo a mesma coisa do outro lado. Ontem recebeu um outro possível “indeciso”, o senador Romário (PSB-RJ). Nas palavras de um ex-ministro de Dilma, se considerarmos uma escala de probabilidades de zero a dez, há 13 dias as chances de reverter o impeachment no Senado eram próximas de 1. Hoje, subiram para algo em torno de 3.

 

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