O entorno de Michel Temer continua dividido quanto à conveniência de manter o ministro Geddel Vieira Lima no governo depois da crise Calero. A maioria considera que, para a imagem de Temer, a melhor solução seria uma demissão imediata.
O problema é que o próprio Geddel, obviamente, não partilha dessa opinião e já deixou claro que está naquela posição de “daqui-eu-não-saio-daqui-ninguém-me-tira”. Afinal, assim como outros companheiros de Planalto que podem ter seus nomes citados na Lava Jato, ele não quer abrir mão do foro privilegiado e ir parar nas mãos de Sérgio Moro e outros juízes assemelhados de primeira instância.
Geddel é um sujeito de temperamento forte e vontade férrea. Vai ser difícil, para Michel, convencê-lo a sair por iniciativa própria – o que seria, segundo aliados do governo, a melhor solução.
Michel está, portanto, numa sinuca de bico e vai sofrer desgaste qualquer que seja o desfecho do episódio.
Tudo indica que vai precisar de ajuda externa para tirar o resistente ministro: da comissão de ética da Presidência, que pode abrir investigação sobre o ministro acusado de pressionar o colega da Cultura por causa da obra de seu apartamento em Salvador e, sobretudo, da mídia. O Jornal Nacional de sábado, trazendo entrevista do próprio Calero acusando Geddel, foi considerado extremamente desfavorável ao ministro. Se a imprensa continuar nessa toada e não deixar o assunto morrer, vai ser difícil evitar a demissão.