Crescimento da economia frustra expectativa de receitas da União

Ministro Meirelles. Foto Orlando Brito

Como economia não é ciência exata, pode trazer frustrações àqueles apostam mais nas expectativas do que na realidade dos números. O Banco Central divulgou hoje as estimativas das instituições financeiras para o crescimento da economia em 2016 e 2017 – gente esperta que, mesmo com o país em crise, continua ganhando dinheiro. E é preocupante.

A banca diz que, da semana passada para esta, a previsão do Produto Interno Bruto (PIB) está caindo de um déficit de 3,37% para 3,4%, em uma sequência de sete previsões negativas. Para 2017, revisou sua estimativa de crescimento de 1,13% para 1% do PIB.

A notícia é muito ruim para todos, empresários e trabalhadores. Mas é, em especial, para a equipe econômica, que acreditava que com as medidas de ajustes fiscal do governo de Michel Temer haveria uma recuperação de confiança, os empresários voltariam a investir e o país cresceria.

O Orçamento da União de 2017 enviado em agosto ao Congresso prevê receitas de R$ 1,474 bilhão, acreditando que a economia cresceria o equivalente a 1,2% do PIB. Depois que o orçamento já estava tramitando no Congresso a equipe econômica informou que estava revisando para 1,6% o crescimento do PIB em 2017.

Passados três meses, o que se viu foi uma frustração de arrecadação de impostos em 2016 e um cenário preocupante para a equipe econômica.

Com o crescimento menor da economia, a arrecadação da Receita Federal será menor. O relator da comissão de orçamento, senador Eduardo Braga (PMDB), terá que cortar mais gastos para cumprir a meta de déficit primário de 139 bilhões previsto no Orçamento.

A equipe econômica terá que redefinir suas estratégias para estimular a retomada do crescimento da economia. Embora a confiança dos agentes econômicos na condução da política econômica seja importante, sem medidas de ampliação da demanda agregada o nosso crescimento ocorrerá de forma lenta e gradual.

 

Atualização às 19:58:

Hoje, depois do fechamento desta matéria, o Ministério da Fazenda reduziu a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,6% para 1% em 2017. A projeção de encolhimento da economia de 3% em 2016 passou agora para 3,5% . O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Fábio Kanczuk, atribuiu a piora na economia ao quadro de endividamento das empresas e o aumento da percepção de risco dos bancos nas operações de crédito.

O governo também revisou as estimativas da inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2017 para 4,7%, ante 4,8% estimado em agosto. Para 2016, a projeção para a inflação caiu de 7,2% para 6,8%, segundo a equipe econômica.

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