Focadas nas reviravoltas e emoções de última hora, as coberturas eleitorais não têm tido tempo nem espaço para analisar o recrudescimento da violência, em sua forma mais tosca e absurda, no pleito municipal de 2016. É verdade que, nos grotões brasileiros, ela nunca deixou de existir. Mas, só nas últimas horas, espalhou-se por Goiás, Mato Grosso e Bahia – sem falar no Rio.
Nesta quarta, foi morto a tiros o deputado José Gomes da Rocha (PTB), candidato a prefeito de Itumbiara, junto com um de seus seguranças, num episódio que feriu gravemente o vice-governador de Goiás.
Em municípios do Rio de Janeiro, as milícias e o crime organizado dão as cartas nas campanhas, à base de dinheiro e ameaças.
Ontem, também, um prefeito candidato à reeleição em Tancredo Neves (BA), Balbino Mota, do PV, teve seu carro atingido por tiros.
Não sabemos ainda o que dirão as estatísticas, mas a constatação mais óbvia é de que o clima de acirramento, radicalismo e ódio que tomou conta da política brasileira contaminou as campanhas municipais.
O eleitor, meio apático, perdeu a fé em todos. Não está interessado no pleito nem na política, afugentado pela crise que o faz empobrecer e pelos escândalos de corrupção que atingem todos os partidos.
É o cenário ideal para a volta do atraso e da barbárie.