Além dos votos, Haddad vai precisar do mesmo Efeito Teflon de Lula

Carreata em Maceió: Renan, Haddad, Renan Filho e o deputado Raimundão. Foto Ricardo Stuckert/PT

Na campanha presidencial de 2006, Geraldo Alckmin conseguiu uma proeza histórica: obteve dois milhões de votos a menos no mano a mano com Lula do que no primeiro turno com outros oito candidatos.

A marcha a ré de Alckmin começou quando, cheio de si pelo bom desempenho na  primeira fase da campanha, ele estreou no segundo turno com uma desastrada foto com Anthony Garotinho, já na época carimbado por escândalos.

Geraldo Alckmin recebeu o casal Rosinha Matheus e Anthony Garotinho e a filha Clarissa. São Paulo, 03/10/2006

Raros são os políticos que conseguem o chamado Efeito Teflon, em que nada parece grudar. Durante algum tempo, Leonel Brizola e Miguel Arraes se alinharam com quem quisesse sem maiores prejuízos eleitorais. Lula até hoje é campeão nesse quesito: uniu-se a José Sarney, Paulo Maluf, Fernando Collor, Jader Barbalho, Renan Calheiros e a outros tantos sem queimar o filme com seu eleitorado.

Na madrugada da sexta-feira (31), o Tribunal Superior Eleitoral, por 6 votos a 1, com base na Lei da Ficha Limpa, negou registro da candidatura Lula por ele ter se tornado ficha suja ao ser condenado em duas instâncias judiciais por corrupção e lavagem de dinheiro.

Horas depois, Fernando Haddad, já na condição de virtual candidato ao Planalto, posou em Fortaleza com o senador Eunicio Oliveira (MDB), e principal parceiro de Michel Temer na aprovação do impeachment de Dilma Rousseff pelo Senado Federal. Pela narrativa petista, Eunicio é apontado como um dos comandantes do “golpe” que apeou Dilma do poder.

Nesse domingo (2), Haddad participou de carreata em Maceió em companhia do governador Renan Filho e do senador Renan Calheiros, outro “golpista”, que é alvo de uma penca de investigações da Operação Lava Jato.

Haddad vai fazer campanha como candidato de Lula. Pelas atuais pesquisas, ainda nem é a primeira opção dos que pretendiam votar em Lula. Marina Silva e Ciro Gomes saíram na frente. As fotos de Haddad com os Renans e Eunicio vão virar munição de campanha contra ele.

Além de herdar a vaga de Lula, entrar na briga por seu espólio eleitoral, Haddad vai precisar do mesmo Efeito Teflon para não começar a ser conhecido pelos eleitores já chamuscado pela companhia dos enrolados caciques do MDB no Nordeste.

A conferir.

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