Além de assustar o mercado, a pesquisa CNT/MDA mostrando que o até ontem governador Geraldo Alckmin, com 14% das preferências, continua perdendo para Lula (21,8%) e para Jair Bolsonaro (18,4%) em São Paulo animou outros adversários.
A sinalização de que Alckmin encontra dificuldades para crescer mesmo depois da mega-aliança que lhe deu as preferências do establishment reforça a estratégia de voto útil da campanha de Ciro Gomes.
A aposta de Ciro – que ficou com um tempo ínfimo na propaganda da TV e precisa se movimentar muito fora dela – é investir no eleitorado de centro na esperança de que Alckmin não cresça e apareça como se espera com o seu latifúndio televisivo. O candidato acredita que, se isso ocorrer, poderá se viabilizar como opção do eleitorado centrista – e desse mesmo establishment – às vésperas da eleição, diante do risco de se desenhar um segundo turno entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad. Seria um movimento de voto útil, deflagrado a partir das dificuldades do tucano.
É muito cedo ainda para avaliar se essa estratégia vai funcionar. Mas a escolha da líder ruralista Kátia Abreu como vice já foi um primeiro aceno do candidato do PDT a esses setores. Kátia pode ajudar no diálogo com aqueles que hoje vêem Ciro com certa desconfiança mas que, no caso de ter que escolher entre Bolsonaro e o PT no segundo turno, podem mudar de voto para colocá-lo lá.
Para isso dar certo, porém, muita água tem que rolar. A primeira condição seria Alckmin não crescer o que se espera; a segunda, que Marina Silva, também uma potencial herdeira desse voto útil, fique estagnada; a terceira, e mais decisiva, é que Haddad e Bolsonaro polarizem e radicalizem a campanha a ponto de encher de medo a maioria centrista do eleitorado.