Greve ou locaute, o movimento dos caminhoneiros colocou o governo Michel Temer de joelhos. O Planalto cedeu tudo e mais alguma coisa, e poucos pronunciamentos presidenciais da história recente do país foram mais constrangedores do que o deste domingo à noite, com a admissão pública da capitulação do chefe do Executivo, que disse esperar, com isso, “sensibilizar” os caminhoneiros e caminhoneiras do Brasil ao atender a tudo.
Temer, que no penúltimo pronunciamento havia acenado com a autoridade presidencial – desrespeitada pelo movimento – foi tão longe que não se restringiu a anunciar medidas que estão diretamente na alçada do Executivo, como a redução de R$ 0,46 no litro do diesel por 60 dias.
O governo foi além, anunciando a assinatura de três medidas provisórias antecipando providências que estavam previstas em projetos em tramitação no Congresso. Os caminhoneiros não podiam esperar a discussão parlamentar – embora Câmara e Senado tenham convocado sessões para esta segunda – e o Planalto aceitou a exigência.
É bem possível que a paralisação seja de fato suspensa nesta segunda, levando consigo os fantasmas do desabastecimento e outros, pois realmente não resta motivos aos caminhoneiros para reclamar de nada. O Tesouro,isto é, nós todos, vamos arcar com essa conta de R$ 10 bi.
Acima de tudo, a pergunta que fica depois que os caminhoneiros fizeram barba, cabelo e bigode, e mostraram de forma inequívoca que esse governo acabou, é: quem serão os próximos? Virão os petroleiros, ainda esta semana, e possivelmente muitos outros. Serão longos sete meses.