O governo Bolsonaro concluiu a montagem do núcleo da equipe econômica que será chefiada pelo economista Paulo Guedes e, diferentemente do que ocorre nas outras áreas, está recebendo crédito até mesmo de economistas de outras tendências. Ainda que não concordem com o que parece que será feito, dois importantes formuladores econômicos da oposição, gente com tinturas de centro-esquerda, acreditam que Jair Bolsonaro terá, sim, sua margem de manobra na economia nos primeiros meses de governo.
Um deles lembra que o novo presidente recebe o país com inflação controlada, a menor taxa de juros histórica e sem problemas de saldo comercial. É imenso o problema fiscal, mas a lua-de-mel do novo governo com a opinião pública, se bem aproveitada, poderá resultar na aprovação de ao menos uma parte da reforma da Previdência nos primeiros meses de governo. Isso garantiria sua sobrevida com sinais de recuperação econômica e algum crescimento, ainda que discreto.
Se bem aproveitada, frisam essas fontes, já que, em outras áreas, o governo de transição vem produzindo desencontros e até crises – como a retirada dos médicos cubanos que poderá deixar mais de 20 milhões de brasileiros sem assistência médica já nos primeiros dias do governo de Bolsonaro.
Normalmente, é a economia que costuma estragar tudo, com aumento de preços, desemprego, recessão. Desta vez, é possível que o novo governo viva uma situação diferente, e o ponto fraco passe a ser o despreparo na política e na gestão, marcada pela incontinência verbal e por escolhas polêmicas.