O ministro Paulo Guedes usou a debandada dos secretários Salim Mattar (Privatizações) e Paulo Uebel (Desburocratização) – com base na constatação de que o programa liberal que previa privatizações e reforma administrativa está fazendo água – para encostar Jair Bolsonaro na parede. Hoje, a bola está com o presidente, a quem cabe decidir se esse programa continua ou não, anunciando o que vai fazer concretamente com o teto de gastos e com as estatais. Bolsonaro já reafirmou seu apoio à agenda nesta manhã de quarta, via redes sociais, mas sua primeiras afirmações não tiveram a força desejada pelo pessoal da Economia.
O presidente postou o óbvio, que tem compromisso com a responsabilidade fiscal — que, junto com o teto, seria o “norte”do governo — e com as privatizações, mas ficou no plano genérico, sem tratar mais especificamente do tema ou aprofundar definições. Bolsonaro minimizou o movimento da ala militar e dos chamados ministros “fura-teto” para descumprir o limite e usar recursos que sobraram do orçamento da pandemia em obras. “Num orçamento cada vez mais curto, é normal os ministros buscarem recursos para obras essenciais”, desculpou ele.
Mais adiante, também minimizou a debandada dos secretários, dizendo ser normal que alguém queira sair do governo: “Em todo governo, pelo elevado nível de competência de seus quadros, é normal a saída de alguns para algo que melhor atenda suas justas ambições pessoais. Todos que nos deixaram voluntariamente vão para uma outra atividade muito melhor”.
Ou seja, até agora Bolsonaro contemporizou e não deu a sinalização cabal que os defensores da agenda liberal – e não apenas Guedes – esperavam.