Mais do que ruim, foi péssima a reação dos aliados do Planalto aos estudos do governo para aumentar o imposto de renda, hipótese admitida ontem pelo ministro Henrique Meirelles e hoje de manhã pelo presidente Michel Temer. A esta altura, já devem ter desistido, tal o número de políticos que reagiram mal, começando pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Ficou claro que o Congresso não vai aprovar nem projeto nem medida provisória nesse sentido.
O curto-circuito de hoje, junto com a percepção de que também a reforma da Previdência encontra muitos obstáculos entre os parlamentares, é um recado claro aos navegantes do Planalto: a base aliada pode ter salvado a vida de Michel, mas em nenhum momento disse que lhe daria vida fácil.
Como muitos observadores já constataram, os deputados que enterraram a denúncia contra o presidente na semana passada consumiram todos os recursos disponíveis do governo e se sentem credores – e não devedores – de Temer. Enfrentaram a impopularidade para salvar um governante com baixíssima aprovação e não estão mais dispostos a fazer sacrifícios neste ano pré-eleitoral. É assim que as coisas vão funcionar daqui para frente. Com chance de piorar, quando chegar a segunda denúncia contra o presidente.