Não se pode dizer que a popularidade do ministro da Justiça, Sergio Moro, não tenha sofrido abalos pelas revelações da Vaza Jato/The Intercept. De abril para cá, seus índices de aprovação caíram de 63% para 54%. Mas a divulgação de hoje, pelo Datafolha, de que o ex-juiz ainda tem bons patamares de aprovação – entre julho e agosto, oscilou 1 p.p. – é um balde de água fria. Em Jair Bolsonaro, que tem 25p.p. de aprovação a menos mas continua fritando o ministro, e no STF.
Tudo indica que a midiática Suprema Corte do país continuará acoelhada diante do habeas corpus que pede a libertação do ex-presidente Lula baseada nas conversas que apontam a parcialidade de Moro na Lava Jato. O julgamento do recurso foi interrompido no fim de junho pela Segunda Turma, onde havia ficado clara uma correlação de forças que deixou nas mãos do decano Celso de Mello o voto decisivo para soltar Lula ou não. Nunca mais foi retomado.
O decano andou com pneumonia, a Segunda Turma encontrou outras coisas para fazer – inclusive anular uma condenação contra Aldemir Bendine – e o HC de Lula foi esquecido. Setembro chegou, com a possibilidade de o ex-presidente ser beneficiado pela progressão de regime e acabar solto ou em semi-aberto.
Agora, estabeleceu-se uma espécie de queda-de-braço: Lula não pede progressão de regime porque quer sair da cadeia como inocente perseguido pelo ex-juiz; o Supremo reza todas as noites para que ele peça, porque até agora, apesar dos numerosos elementos encontrados nas conversas do The Intercept, ainda não teve coragem de enfrentar Moro. E dificilmente terá, depois do Datafolha de hoje.