Tanto Jair Bolsonaro quanto os ministros do STF Celso de Mello e Alexandre de Moraes tiraram o pé do acelerador da crise política e institucional esta semana, talvez porque aguardem as emoções do próximo capítulo, no domingo. Os protestos de rua convocados em defesa da democracia serão o primeiro teste de mobilização dos grupos antibolsonaristas e antifacistas (os “antifa”), e vão servir também para medir as forças do governo.
Seguindo seu perfil psicológico – quanto mais apavorado, mais ele agride -, o presidente da República chama os manifestantes de “terroristas”, secundado pelo vice Hamilton Mourão, que agora resolveu falar para a galera da extrema direita e os considera “deliquentes”. Tentam criar um clima para justificar eventuais atos de repressão das PMs estaduais, e até mesmo preparar terreno para futuras medidas de força, inclusive com recurso às Forças Armadas, sob o pretexto da lei e da ordem.
Por trás dessas atitudes, a constatação inegável de que o governo está, sim, com muito medo das ruas. A pandemia torna improvável a presença de grandes contingentes de manifestantes – até para não contradizer o discurso da esquerda a favor do isolamento – , mas é bom lembrar que, até ontem, apenas os bolsonaristas se manifestavam, mesmo assim, movidos pela máquina dos bolsominions.
Do lado dos antifa, a principal orientação é ter muita calma nessa hora. Os organizadores desses movimentos precoces, que só eram esperados pela oposição institucionalizada para depois da pandemia, sabem que os riscos são grandes. O primeiro, de esvaziamento por causa da Covid-19. O segundo, de perda de controle do movimento, que pode acabar infiltrado por elementos provocadores e descambar em violência e vandalismo – o que poderá “queimar a largada” da esperada reação popular contra o autoritarismo desse governo.
De um jeito ou de outro, na segunda-feira o desenho do quadro político vai estar mais nítido.