O que importa é a motivação da tropa

Bolsonaro faz questão de desfilar como um animador de torcidas. Ele busca demonstrar que não se sente acuado e, assim, estimular os que ainda o apoiam

Apoiadores de Bolsonaro acampados em frente ao Palácio do Planalto - Foto Orlando Brito

Os apoiadores do presidente Bolsonaro estão caindo. Hoje, institutos de pesquisa avaliam que eles seriam em torno de 20%. Mas este decréscimo não impede que seus simpatizantes saiam às ruas, e congestionem as redes sociais, para defender o governo.

Outros presidentes já enfrentaram esta situação. Eles tiveram, em determinados momentos de seus governos, percentuais semelhantes, ou até menores, de simpatizantes. Mas, no entanto, estes não saiam às ruas para defendê-los.

A diferença entre a apatia de uns e o radicalismo de outros, como agora, está na motivação de seus seguidores. Mesmo com todos os fatos negativos, os aliados do presidente ainda se sentem à vontade para se manifestar em sua defesa.

Reunião ministerial presidida por Bolsonaro em 22 de abril de 2020 – Foto: Marcos Corrêa/PR

É, por isso, que o atual presidente faz questão de desfilar em apoio aos seus aliados. Ele busca demonstrar que não se sente acuado e, com isso, estimular os que o apoiam. O povo tem que se armar, disse, para regozijo dos seus, no vídeo daquela reunião ministerial. Estas atitudes, gestos e palavras ajudam a manter suas tropas em ponto de bala nas ruas e nas redes sociais.

Somente quando esta massa de apoiadores se sentir na defensiva é que ela deixará de se manifestar e gritar em defesa do presidente. Quando isso ocorrer é que se dará início ao seu debacle. Os fatos são os responsáveis pela apatia ou disposição de luta dos seguidores de qualquer governante.

Até que isso ocorra, a tropa, por exemplo, continuará batendo continência e não se ouvirá nenhuma ordem de “descansar” ou “esquerda volver”. Por hora, o que interessa, por exemplo, para o Centrão Verde Oliva é garantir o R$ 1 bilhão de contratos do Exército para tocar obras.

Do alto da rampa do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro acena para apoiadores na Praça dos Três Poderes – Foto Alan Santos/PR

Neste momento, a despeito da crise na economia e do drama do coronavírus, os seus ainda conseguem dar corda no seu despertador. No futuro, diante de novos fatos, os chamados “bolsominions” podem se recolher nos seus casulos.

Enquanto estes não se sentirem envergonhados, enquanto eles não ficarem na defensiva, a luta política continuará acesa e suas chamas podem se ampliar. Até que isso ocorra, o presidente continuará invocando o Forte Apache e cavalgando como um animador de torcidas.

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