A discussão da reforma política com as regras para a eleição do ano que vem começou com uma série de bodes na sala, como o distritão puro, o fundo público de financiamento de campanhas de R$ 3,6 bi e, agora, o parlamentarismo. Todas essas iscas já foram devidamente jogadas e, enquanto o distinto público, escandalizado, se distrai com elas, corre no paralelo a negociação real dos cabritinhos que vão ficar na sala. Entre eles, dispositivos que poderão representar alívio para os políticos acusados na Lava Jato.
Quais? Por exemplo, a anistia para o caixa 2 puro e simples e uma tipificação distinguindo esse crime do de corrupção. É natural que qualquer lei que trate de financiamento eleitoral trate desse assunto – que, obviamente, jamais será chamado de anistia. A discussão de um hipotético e inviável parlamentarismo, por sua vez, teria o poder de trazer à tona discussões sobre inelegibilidades, por exemplo, e poderia criar alguma regra permitindo ao presidente da República, por exemplo, disputar no cargo uma cadeira de deputado – o que livraria Temer das mãos de Sérgio Moro em 2019, que um dia vai chegar.
A volta do financiamento empresarial das eleições, ainda que com limites, como reação ao repúdio geral a esse gordo fundo eleitoral público, ensejaria também, de forma natural, a apresentação de propostas diversas tocando os crimes relacionados ao financiamento eleitoral, o que interessa muito aos deputados e senadores pendurados em processos no STF.
Nos subterrâneos, as placas tectônicas estão se movendo e, por trás dessa pauta que genericamente chamamos de reforma política, distritão, etc, muita coisa está sendo articulada.
Afinal, o que vocês acham que conversaram Michel Temer, Gilmar Mendes e Rodrigo Maia no último sábado, na residência oficial da presidência da Câmara?