Alerta para não nomear investigados pode levar Temer a mudar desenho ministerial

O quase presidente Michel Temer vai aproveitar o fim de semana para os últimos alinhavos em sua equipe ministerial. Apesar de o quadro estar quase completo, interlocutores do vice afirmam que garantido mesmo, sem risco de mudança, está Henrique Meirelles na Fazenda. Todo o resto ainda pode sofrer mudanças.

Meirelles, na verdade, já está trabalhando para o governo Temer em seguidas entrevistas e conversas com o mercado e o setor produtivo. Sua missão, resgatar a credibilidade perdida. O ex-presidente do BC recebeu carta branca do vice para formar sua equipe e também a garantia de que só ele falará de economia no governo.

A situação dos amigos mais próximos de Temer também parecia definida, com Romero Jucá no Planejamento, Eliseu Padilha na Casa Civil, Geddel Vieira Lima na articulação política e Henrique Eduardo Alves no Turismo. Nas últimas horas, porém, cresceu número dos que alertam Temer para pensar duas vezes antes de nomear investigados na Lava Jato – caso de Romero Jucá e Henrique Alves. Geddel foi mencionado colateralmente.

O argumento desses amigos de Temer é que, depois da decisão do STF de afastar Eduardo Cunha, ninguém mais está a salvo de nada. E que a tendência da Suprema Corte, agora, é tratar todos os políticos com rigor. Nomear ministros que daqui a algumas semanas ou poucos meses podem se transformar em réus seria um constrangimento desnecessário.

Em todas as conversas sobre o assuntos, o vice vinha se fazendo de desentendido ou afirmando que investigado não é réu nem condenado. Há quem diga, porém, que depois da mão pesada do STF em cima de Cunha, Michel Temer estaria repensando o assunto, mais sensível aos alertas.

Como, em tese, ninguém foi convidado oficialmente, e muito menos confirmado, não haverá supresa se houver mudanças de rumo no Planejamento, Turismo e outras pastas.

Essa mexida poderia até abrir espaço para outros aliados, numa dança das cadeiras de última hora envolvendo, por exemplo, a pasta da Ciência e Tecnologia. O nome do ex-pastor Marcos Pereira foi mal recebido na comunidade científica e pode acabar trocando de ministério.

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