O ex-deputado Rocha Loures dificilmente fechará um acordo de delação premiada de hoje para amanhã. Essas coisas demoram alguns dias, mais ainda quando o sujeito sofre forte pressão contrária, o que parece ser o caso. Mas o fato de o ex-assessor de confiança de Michel Temer ter sido preso na manhã deste sábado, ao mesmo tempo em que pipocam na mídia novas frentes de acusação contra o presidente, pode provocar uma mudança nos ventos que fecharam a semana mais favoráveis a Temer.
Afinal, o presidente parecia ter obtido em São Paulo, na noite desta sexta-feira, o apoio do governador Geraldo Alckmin para segurar a debandada do PSDB na semana que vem. Ao mesmo tempo, criava-se um clima de que, no TSE, poderia haver absolvição esta semana. No mínimo, um seguro pedido de vista.
O fim se semana chegou, porém, cheio de fatos negativos para Temer, mostrando o avanço das investigações sobre o coronel João Batista Lima, um auxiliar muito próximo a quem foram entregues RS$ 1 milhão da JBS e com quem foram achados recibos de pagamentos da família. Ao mesmo tempo, foi divulgado, pela Época, o cardápio da provável delação do operador Lucio Funaro, que cita Temer em 12 itens.
Nada disso é fato concreto ainda, assim como a hipotética delação de Rocha Loures e a previsível denúncia de Rodrigo Janot contra o presidente. Mas tem o poder de mudar o clima e criar um ambiente ainda mais desfavorável a Temer na opinião pública.
O risco maior, agora, é se propagar o clima de que o governo está paralisado e que Temer não tem condições de retomar a agenda das reformas e conduzir a economia a porto seguro. É o que pode acontecer se, mais uma vez, o Planalto não conseguir fazer andar a reforma trabalhista na CAE do Senado esta semana.
O que se diz aqui em Brasília, nesta ensolarada manhã de sábado, é que a água subiu até o pescoço de Temer.