HELENA CHAGAS

Hoje é ele, amanhã sou eu. Ninguém acredita que, expurgado Lula da cédula por causa do triplex, as coisas vão continuar tranquilas para outros acusados da Lava Jato

Tudo indica que, na semana que vem, as atenções estarão voltadas para o julgamento do ex-presidente Lula - que, quem diria, pode acabar ajudando a salvar Michel Temer de uma execração maior.

Há questionamentos válidos ao TRF-4, assim como há a própria defesa jurídica do ex-presidente, mas tudo está escondido agora pela cortina de fumaça do radicalismo, que nas atuais circunstâncias vitimiza o tribunal, eximindo-o de dar maiores satisfações sobre suas decisões.

O Planalto vai sustentar o discurso até o fim - até porque este está próximo - mas, nas conversas olho no olho nos principais gabinetes, ninguém dá mais um tostão furado pela aprovação da reforma da Previdência.

A semana foi ruim para um dos adversários dessa turma, o deputado Jair Bolsonaro, que foi alvo de matérias sobre o crescimento de seu patrimonio familiar, seus gastos como deputado e supostas irregularidades na contratação de auxiliares.

A ideia de adiamento foi verbalizada pela primeira vez nesta quinta, pelo presidente do Tribunal de Justiça de S.Paulo, Manuel de Queiroz Pereira Calças. Seria um alívio para muita gente, no PT e no TRF-4.

A Lava Jato vai se concentrando e circunscrevendo ao Rio. Uma estratégia para passar à opinião pública a ideia de que ela não morreu, desviando o foco da lerdeza do Supremo e dos malabarismos que vêm poupando os políticos de Brasília

Não é um fato novo: a segurança pública está em crise, A realidade? Nada se faz para resolver este problema. Em um ano eleitoral é de praxe promessas e promessas rondarem esse assunto mas vem se destacando mesmo é Bolsonaro, Prova disso são as pesquisas que mostram números cada vez mais elevados

a primeira coisa que Temer e seus articuladores precisam fazer agora é afastar a forte impressão de que sua base está se esfarelando e que o governo está sendo alvo de uma debandada pré-eleitoral