HELENA CHAGAS

Lula identificou pressões dentro do próprio partido para que Haddad antecipe para o primeiro turno conversas típicas do segundo, numa forma de consolidar sua dianteira. Mas está Haddad a manter o discurso à esquerda, sob o argumento de que o povão não gosta de recuos e não vai aceitar nada que se assemelhe a alguma negociata eleitoral

Percebeu-se, afinal, que o candidato do PSL não tinha um programa econômico tão estruturado assim, e que esses improvisos podem gerar muita insegurança. Ficou claro também que Guedes, o “Posto Ipiranga” que, segundo Marina Silva, pegou fogo, também não está com essa bola toda

Ciro Gomes, quem diria, acabou no Irajá como o candidato do centro que até ontem o desprezava

Em apoio a Paulo Skaf, o presidente da República cumpre promessa de gravar vídeos para quem falar mal dele

A grande insistência no discurso da vitória em primeiro turno não se deve apenas às dificuldades do candidato para vencer no segundo. O problema real é o estado de saúde de Jair Bolsonaro, ainda frágil e com poucas condições de enfrentar a campanha

A partir de hoje, as articulações, planos e movimentos da campanha eleitoral tomam novos rumos, e as forças políticas e econômicas vão começar a se posicionar rapidamente em torno de Bolsonaro e de Haddad. Mas há sempre uma chance de o sr Imponderável entrar em campo

Se eu fosse um dos adversários de Jair Bolsonaro, lutaria com todas as forças do meu ser para que ele fosse representado por seu vice, general Hamilton Mourão, em todos os debates e sabatinas da temporada

Não há mais quatro candidatos embolados na disputa pelo segundo lugar. Marina caiu de 8% para 5% e Geraldo Alckmin diminuiu de tamanho de 8% para 6%

Cedo para dizer se Ciro continua crescendo, o que acontecia às custas de votos da esquerda antes do lançamento de Haddad, viabiliando-se como opção do establishment, ou se terá estagnado com a ascensão do petista. É mais um episódio da série “o que o desespero não faz”, uma das mais assistidas da temporada de 2018