HELENA CHAGAS

A vitória para Lula, hoje, não é ser absolvido - porque sabemos que não será. Tudo vai depender do ambiente social e político que se criará. Afinal, o verdadeiro juiz disso tudo não está nem em Curitiba e nem em Brasília, mas nas ruas.

Do lado de fora do Congresso também não havia vivalma. Nada, nadinha que pudesse indicar que, ali dentro, estava sendo lida, pela primeira vez na história, denúncia por corrupção formulada contra um presidente da República no exercício do cargo

Na emenda parlamentarista, vai ser preciso incluir algum dispositivo que permita ao presidente disputar um outro cargo, o de deputado, sem deixar o seu durante a campanha

A estratégia das ausências foi bastante fortalecida por um erro elementar do próprio Planalto, que saiu fazendo ameaças de retaliação aos integrantes de sua base que votarem contra Temer. Irritados, esses deputados resolveram partir para a rebeldia total

a primeira coisa que Temer e seus articuladores precisam fazer agora é afastar a forte impressão de que sua base está se esfarelando e que o governo está sendo alvo de uma debandada pré-eleitoral

Se der certo, quem fatura é Michel Temer e os políticos. Se der errado, a culpa será do Exército. Fui ouvir especialistas da área...

Essa atitude não torna Lula um foragido da Justiça, segundo seus interlocutores. Ele não está tentando fugir do país nem se escondendo. Está em local publicamente conhecido, ao qual a polícia terá acesso, já que não se planeja qualquer atitude de resistência ou confronto físico.

João Dória fica empacado nos 6% no cenário em que é testado. Ou seja, o problema não é do produto Alckmin, e sim da marca PSDB.

Qual o efeito da ausência forçada de Lula nos debates? Se o primeiro lugar não comparece, ninguém se sentirá obrigado. Bolsonaro, que tende a ser o saco de pancadas geral, vai ficar à vontade para faltar