Jorge Henrique Cartaxo
Sob fouché e o satanás
Mesmo reconhecendo o papel importante que alguns militares tiveram na nossa história republicana, não parece adequado aos fardados de hoje o anunciado alinhamento com as expectativas autoritárias do presidente Jair Bolsonaro
Os revolucionários da vez
Com uma aversão notória a intelligentsia liberal que sempre reinou em Washington pelo menos desde a Segunda Guerra Mundial, de quem pretende se apropriar da evidente hegemonia cultural, foi fundamental na improvável vitória de Donald Trump (2016) e dos, ainda desconcertantes, Brexit e o escândalo da Cambridge Analytica. Claro, Bannon esteve também presente na, ainda pouco compreendida, campanha de Jair Bolsonaro à presidência da República
O fosso que nos consome
Nos desperdiçamos com a linguagem de monturo do Jair Bolsonaro que se diz imorrivel, imbrochavel e incomivel. Convivemos com o espetáculo de mentiras, irrelevâncias e despreparos de toda ordem na CPI do Covid que não consegue se impor diante dos crimes e criminosos do governo
Sobre os meios e os modos
Do escandaloso descaso com a pandemia, passando pela sua evidente cumplicidade com os crimes ambientais, até as suas constantes sinalizações de que, a qualquer tempo, convocará as Forças Armadas para conter os seus fantasmas, Bolsonaro nunca sentiu, de maneira tão evidente, que o poder não está e nem nunca esteve exatamente em suas mãos
A desordem como estilo
A intervenção do Advogado-Geral da União, André Mendonça, e dos advogados que defendiam o pleno funcionamento dos templos e igrejas, pelo menos por um momento, trouxe para a degradada pauta contemporânea da política brasileira a discussão entre o que é um Estado laico e um Estado religioso e suas severas consequências se essa separação não for devidamente compreendida e aplicada
Na mesa do truco
O “governo” de Jair Bolsonaro – sempre acumpliciado com seus rebentos enrolados na Justiça – parece querer transformar o País e suas instituições numa imensa mesa de Truco, possivelmente numa varanda miliciana. Pelo menos tem sido assim desde o início dessa macabra gestão na sua assombrosa intimidade com a morte
O cemitério do mundo
A pandemia não é culpa do governo Bolsonaro. Mas a dimensão com que ela se instalou no País é culpa sim do governo federal, do presidente, dos seus ministros. A desordem, o medo, o pânico e os mortos que se avolumam poderiam sim ter sido, pelo menos, significativamente evitadas
Com a boi parido
Como não temos cidadania, nossas instituições estão degradadas, nunca tivemos exatamente uma elite comprometida com a Nação e é evidente a carência de líderes consistentes e contemporâneos no País
Ai que preguiça
Mais do que omissos diante dos desmandos e da desfaçatez que campeia no País, somos, sobretudo, cúmplices!