O mês em que todas as bombas atingiram Lula

Lula acertou ao dizer a Sérgio Moro que está em curso o “mês do Lula”. Desde a quarta-feira (12) de abril, quando começaram a jorrar os vídeos das bombásticas delações da Odebrecht, Lula mal conseguiu se manter à tona. Por incrível que pareça nem era disso que ele parece ter se queixado ao juiz.

Lula reclamava de Léo Pinheiro e Renato Duque terem sidos ouvidos em juízo, em um intervalo de 15 dias, com explosivos relatos sobre encontros, conversas e acerto que o tinham como alvo. Esses depoimentos deram um nó na estratégia de defesa de Lula para o inquérito sobre o tríplex do Guarujá.

A opção foi encarar o interrogatório de Moro e dos procuradores da Lava Jato sobre as acusações contidas no inquérito na maior retranca. Em relação ao tríplex, por exemplo, Lula tentou escapulir do que contou Pinheiro e atribuiu iniciativas, à sua revelia, a dona Marisa Letícia, sua esposa falecida. Pegou mal.

Lula também passou por maus momentos ao dar sua versão de uma conversa com Renato Duque, marcada por João Vaccari, em um hangar no aeroporto de Congonhas. Lula não conseguiu dar uma explicação verossímil para, quatro anos depois de deixar o poder, convocar um ex-diretor da Petrobras para falar sobre contas secretas na Suíça.

Foi um ponto fora da curva em seu roteiro de defesa, em que bateu na tecla de que nada sabia e nada influía na Petrobras. Pior: entrou em contradição ao tentar justificar a escolha de Vaccari como interlocutor de Duque.

Mesmo assim, os petistas e seus aliados gostaram do seu desempenho. Avaliaram que, em estocadas em Moro e nos procuradores, ele conseguiu manter de pé a narrativa política de que está sendo perseguido por um complô para tirá-lo da corrida presidencial. Sua prioridade era dar argumento para as discussões nas redes sociais e nas ruas.

Pois bem. Em meio a essa guerra de versões, o país ainda digeria o tenso embate em Curitiba quando explodiu uma nova bomba. Bem mais potente. Na quinta-feira (11), por decisão do ministro Edison Fachin, foi suspenso o sigilo das delações de João Santana e Mônica Moura.

Com uma impressionante riqueza de detalhes, e exposição inédita de acertos e tramas nos bastidores do reinado petista, Mônica e João Santana desmontaram as barreiras armadas por Lula e Dilma Rousseff para não serem tragados pelo tsunami da Lava Jato.

Nos vídeos, Lula é descrito como o “chefe” a quem Antonio Palocci — apontado em todas as delações relevantes como o representante de Lula em todas as negociatas  — pedia o aval para fechar o orçamento dos gastos com dinheiro arrecadado com propina.

Na sexta-feira (12), para fechar o mês que se iniciou com a furacão Odebrecht, Antonio Palocci trocou de advogados e aceitou fazer sua delação premiada. A expectativa, inclusive entre os petistas, é de um dilúvio que não deixará pedra sobre pedra.

A conferir.

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