O governo Michel Temer praticamente acabou. Só um milagre o salvaria: os áudios não confirmarem os diálogos divulgados que mostraram uma nada republicana conversa com o empresário Joesley Batista.
Há informações de que, em alguns trechos, a qualidade do som não é boa. Costuma acontecer em conversas gravadas, à revelia dos interlocutores, por arapongas improvisados como o dono da JBS. Mesmo assim, dizem que dá para ouvir com nitidez o aval de Temer à compra do silêncio de Eduardo Cunha.
Se houvesse alguma discrepância entre o relato do que foi falado e os áudios, avaliam investigadores, certamente o ministro Edson Fachin não teria autorizado a abertura de inquérito, com todos os seus impactos, contra o presidente da República.
Mesmo com a decisão de Fachin, Temer e seu entorno resolveram pagar para ver/ouvir, antes mesmo da divulgação dos tais áudios. Em declaração à imprensa, Temer deu sua versão sobre a conversa com Joesley, negou ter dado apoio a um cala-boca para Eduardo Cunha e, enfaticamente, afirmou que não renunciará.
Políticos experientes dizem que não dá para comprar essa afirmação peremptória de Michel Temer pelo valor de face. Sua permanência no comando do governo depende cada vez menos da sua vontade. O establishment político já avalia que o custo/benefício de mantê-lo no cargo pode não compensar. A elite empresarial vai na mesma toada.
Temer joga todas as cartas para não perder esses apoios. Acena com os sinais de recuperação econômica, e deixa entender que, sem ele, as reformas empacam no Congresso Nacional. Vende um cacife que talvez não tenha mais. O escândalo começa a esfarelar sua base parlamentar.
Se perder esses apoios, Temer não consegue sequer uma sobrevida. Diferente de Dilma que, entre pedaladas, preferiu personificar o papel de vítima de um golpe na narrativa petista.
Há outra diferença importante. Mesmo em minoria, Dilma tinha quem a defendesse nas ruas e nas redes sociais. A rejeição a Temer pode unir os dois lados.
A conferir.