Temer avança na economia, mas patina na ética e na política

Michel e Meirelles

A biruta de aeroporto indica para que direção sopra o vento e, assim, ajuda pilotos e controladores de voo. Nesses tempos de permanente crise política em Brasília, o vento vira toda hora. O que é dado como certo em um dia é descartado às vezes até horas depois.

Só não muda a postura de governantes de acharem que reduzem o tamanho dos problemas ao trata-los de público como insignificantes. O ex-presidente Lula, por exemplo, dizia que o tsunami econômico internacional virou uma marolinha no Brasil. Deu no que deu.

Depois, de maneira indevida, tentar dar uma mãozinha para Geddel Vieira Lima ter sucesso em seu investimento em um espigão em Salvador, Michel Temer corre atrás do vento.

Apostou errado em se segurar apenas no apoio da base parlamentar. O Palácio do Planalto estimulou a mobilização clandestina no Congresso para a aprovação da anistia ao caixa 2. Deu ruim.

A revelação de que o ex-ministro Marcelo Calero gravou conversas com Temer, Eliseu Padilha, e Geddel Vieira Lima, fez o presidente tentar acompanhar a guinada do vento. Com o apoio de Renan Calheiros e Rodrigo Maia, ele anunciou o desembarque dessa vergonhosa anistia ao caixa 2 e a todos os crimes a ele relacionados.

Na noite dessa segunda-feira (28), em palestra para empresários, Temer cedeu à tentação de tentar conter com jeitinho a força dos ventos populares.

A exemplo de Lula, ele renegou o que vinha dizendo e afirmou que o Brasil não tem instituições muito sólidas. “Qualquer fatozinho novo abala as instituições e o investidor fica assustado”.

Temer até avança na agenda econômica, como vai comprovar nessa terça a votação da PEC do Teto dos Gastos Públicos no Senado. Na política, ele até agora não conseguiu mudar a direção do vento. Talvez pela leitura incorreta do que mostra a biruta popular.

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