O jogo de máscaras do PT, com a ilusionista intenção de fundir Lula e Fernando Haddad na cabeça de eleitores, devotos ou não, até aqui parecia bem sucedido. Pelo menos para o próprio Lula. Mesmo na cadeia, ele se manteve como personagem central no debate político e líder em todas as pesquisas sobre intenção de voto. Diferente de Haddad, ainda no pelotão de baixo na maioria das enquetes.
Haddad tem se comportado como destacada peça no jogo de Lula, na expectativa de, em algum momento, ganhar a sorte grande. A exemplo de Gleisi Hoffmann, ele tem cumprido à risca o papel de pombo-correio dos recados que Lula envia ao mundo exterior de sua cela na PF de Curitiba, onde cumpre pena por ter sido condenado em duas instâncias por corrupção e lavagem de dinheiro.
Não é, convenhamos, para alguém que sonha em presidir o país, um papel muito agradável. Ninguém gosta de parecer pau mandado. Até Dilma Rousseff um dia deu o troco. Pelo que se ouve aqui e ali, Fernando Haddad é um coadjuvante ansioso para se tornar protagonista.
Condição ainda mais desagradável é a de Manuela D`ávila, que, como presidenciável do PC do B, fazia sucesso nas redes sociais, aparecia como novidade em um mundinho de esquerda meio engessado. De repente, Manu virou uma espécie de regra três de um time que só Lula escala. Simplesmente saiu de cena.
Dizem alguns, como consolo, que essa passagem de Haddad e Manu — uma dupla que pode vir a governar o país — pelo banco de reservas é temporária. Dependem apenas de quando o técnico Lula resolver colocá-los em campo.
Talvez sejam escalados antes pela influência de um ator inesperado. O processo de decisão da justiça eleitoral — no cumprimento de regras absolutamente claras — ficou tão confuso que os institutos de pesquisa ( quem diria!) de alguma maneira resolveram pôr ordem na casa.
Pela primeira vez em sucessivas eleições presidenciais, uma anunciada pesquisa eleitoral do Ibope não foi divulgada no Jornal Nacional. Em vez dos aguardados resultados, os primeiros depois do início da propaganda no rádio e na tevê, William Bonner leu uma nota do Ibope justificando o adiamento por não ter tido uma orientação do TSE pós Lula ter sido barrado da corrida presidencial.
O Datafolha simplesmente adiou a ida à campo e a divulgação da pesquisa, agora marcada para a semana que vem.
Ao afetar as programações de institutos de pesquisas e de variadas mídias, esses atropelos certamente causaram prejuízos. Mas talvez tenham sido bom para o eleitor.
O que se espera, a partir de agora, é que as pesquisas, sem a candidatura sabidamente fake de Lula, comecem a retratar o páreo real pela Presidência da República.
A conferir.