A podridão institucional exposta pela Lava Jato, e por outras investigações, tem jogado luz em sombras que permeiam o submundo em toda e qualquer esfera de decisão no país.
Pelo que ali se enxerga, a corrupção, em todas as suas expressões, virou uma metástase.
Não há como pensar uma saída para o Brasil, qualquer que seja, sem abrir os olhos para essa realidade.
Nesse mundo em que parece virtude se apegar a supostas verdades, políticas ou religiosas, por mais falsas que elas sejam, a autocrítica – ferramenta fundamental na evolução do pensamento humano – é tratada como aberração.
Nem é preciso pensar, basta acreditar.
Nessa trilha insensata tudo desanda. Aqui e na Venezuela.
O problema é o excesso de fios para desenrolar tantos novelos.
Na Venezuela, em que ditadura virou o nome do jogo, é mais fácil.
Lá, os Maduros da vez atropelam tudo que acham necessário para se manterem no poder. Montaram um esquema militar para enquadrar a população. Apostam em farsas para manter o espetáculo no ar.
Podem até conseguir uma sobrevida. Mas abriram o caminho para uma guerra civil.
Aqui é mais sofisticado, também mais simples. Situação difícil, mas menos dramática.
Brasil e Brasília se confundem, mas são diferentes.
Quem acha que pode driblar o sinal, diferente da Venezuela, aqui corre o risco de ser atropelado. Mesmo quando se inspiram em exemplos de impunidade.
Em Brasília, onde manipular as cartas faz parte do jogo em que Lula, Temer e os tucanos buscam o mesmo resultado, há sempre um espaço para melar uma partida viciada. O nome disso é democracia.
Por mais que a ganância de políticos de todos os naipes coloque a democracia na berlinda, há um jogo em que eu, você e todos nós podemos atuar. Essa é a nossa melhor diferença.
Aqui, por mais que elites de todas as espécies, e corporações de todos os quadrantes, tentem embaralhar o jogo, não conseguem ofuscar os holofotes que, pela primeira vez na nossa história, iluminam a corrupção generalizada no país.
Não há como esconder o que está escancarado.
Na Venezuela, inventaram um golpe mal disfarçado em uma Constituinte farsesca.
E aqui?
Os planos vão de anistia ao Caixa 2 à extensão do Foro Privilegiado aos ex-presidentes da República, um bonde em que podem embarcar pelo menos José Sarney, Collor, Lula, Dilma e Temer.
A conferir.