O jogo político na fuga da Lava Jato

Onyx na comissão. Foto Orlando Brito

Horas depois de ter mergulhado em negociações de bastidores, Onyx Lorenzoni voltou à tona e anunciou que nada essencial cedeu nas negociações com políticos com a faca nos dentes contra juízes e procuradores. Nem abriu brecha para a anistia ao caixa 2. Vale conferir.

O chamado mundo político em Brasília é capaz de proezas inacreditáveis. Iris Resende, novo e eterno prefeito de Goiânia, quando passou pela cidade como senador, produziu uma pérola. “O mais bobo aqui desenha uma vaca na parede, e ordenha”.

Na mesma pegada dessa esperteza de roça, os políticos também recorrem a tiradas mais sofisticadas. No dia a dia, eles fazem uma leitura própria do famoso enunciado de Antoine Lavoisier, um dos pais da química, “na natureza nada se cria e nada se perde, tudo se transforma”.

Nessa terça-feira (22), um dos motes em rodinhas políticas na Câmara e no Senado foi o show do publicitário Nizan Guanaes na reunião do Conselhão no Palácio do Planalto. Com estilo, ele sugeriu a Michel Temer a velha dica de transformar limão em limonada.

Aproveitar a impopularidade para fazer reformas impopulares, mas necessárias. “A popularidade é uma jaula”, cravou no melhor estilo da escola baiana de marketing.

A tradução no Congresso variou de acordo com o interesse de cada um. Ouvi, por exemplo, que os políticos em baixa têm que perder o medo do enfrentamento com juízes e procuradores em alta.

Quer dizer, pouco têm a perder. Popularidade para eles é um artigo escasso. Portanto, é melhor salvar a própria pele do que tentar agradar quem já não gosta deles. Além de ser mais um argumento para se anistiarem por terem se lambuzado no caixa 2, é uma tática para escaparem da Operação Lava Jato.

Por essa estratégia, vale tudo. Desde a troca de quase um terço dos integrantes da comissão especial sobre o pacote anticorrupção até a aprovação na Câmara e no Senado de projetos para virar o jogo em que estão acuados pela Justiça.

Se Nizan deu um mote com o propósito de ajudar o Brasil a sair do buraco econômico e social, o que se busca nos bastidores do Congresso é melar o jogo do que até aqui se convencionou chamar de devido processo legal. Simples assim.

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