O jogo de Renan para tornar o governo sua defesa na Lava jato

Senadores Renan Calheiros e Eunício Oliveira

Quem compra na planta as versões de Eunício Oliveira e de Renan Calheiros pode até acreditar que, por estarem juntos na Lava Jato, eles também são parceiros na disputa pelo poder no Senado, no governo federal e alhures.

Não é bem assim.

A turma de Renan não queria Eunício na presidência do Senado. Espalhou munição na perspectiva de derruba-lo.

Não deu certo.

A bala era pouca e o atirador pouco confiável.

A lorota de que, após a batalha, todos se acertaram, não passa disso, uma lorota.

Na sessão do Senado na quarta feira (15), mais uma vez isso ficou evidente.

Em um jogo que o PT e aliados eram considerados irrelevantes, Eunício pôs na pauta um requerimento para votar a toque de caixa restrições ao direito de greve de funcionários públicos.

Como esperado, petistas e aliados chiaram. Nem cócegas fizeram. Romero Jucá puxou o coro. Governistas, tucanos à frente, seguiram em frente na mesma toada. O PMDB era o parceiro a seguir na balada.

Parecia jogo jogado.

De repente, Renan Calheiros pediu a palavra. A expectativa é de que daria um xeque mate a favor do pleito governista.

Para surpresa do governo, das oposições, e do próprio Eunício, Renan fez um discurso na contramão de tudo o que o Palácio do Planalto ali defendia. Bagunçou o jogo.

Não foi uma recaída dos tempos em que o militante Renan se afirmava reproduzindo, sem autocrítica, os discursos do PC do B. Quem entrou em cena foi o pragmático Renan Calheiros sempre em busca de algo mais.

Dizem no Planalto que, nesse jogo de pressão, ele já abocanhou a rentável Secretaria dos Portos e mira em outros postos igualmente lucrativos.

Renan tem uma ótica peculiar. Não é relevante o que se ganha ou se perde, em qualquer circunstância, o importante é ter uma aposta a fazer.

Mesmo assim não é o suficiente.

Renan quer sempre mais. Joga para sobreviver onde pode morrer e a até aonde espera  escapar. Tem balas na manga. Cobra um preço para não usá-las.

Isso vai da estratégica direção da Polícia Federal até onde for possível, com cargos aqui e ali, ter um bom retorno. De preferência, vultoso.

São essas duas coisas que estão em jogo.

Simples assim.

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