O histórico e patético ato final de Eduardo Cunha na Câmara

Candidato a prefeito de São Paulo, o deputado Celso Russomano, usa o FaceBook Live como peça de sua campanha durante a sessão de cassação de Eduardo Cunha. Foto Orlando Brito
Vários deputados fazem self-video com seus aparelhos de telefone celular ao fim da sessão da Câmara que cassou o mandato de Eduardo Cunha. Foto Orlando Brito
Vários deputados fazem self-video com seus aparelhos de telefone celular ao fim da sessão da Câmara que cassou o mandato de Eduardo Cunha. Foto Orlando Brito
O deputado Celso Russomano, candidato a prefeito de São Paulo, faz vídeo ao vivo do FaceBook durante a sessão em que Eduardo Cunha teve seu mandato cassado. Foto Orlando Brito
O deputado Celso Russomano, candidato a prefeito de São Paulo, faz vídeo ao vivo do FaceBook durante a sessão em que Eduardo Cunha teve seu mandato cassado. Foto Orlando Brito
Candidato a prefeito de São Paulo, o deputado Celso Russomano, usa o FaceBook Live como peça de sua campanha durante a sessão de cassação de Eduardo Cunha. Foto Orlando Brito
Candidato a prefeito de São Paulo, o deputado Celso Russomano, usa o FaceBook Live como peça de sua campanha durante a sessão de cassação de Eduardo Cunha. Foto Orlando Brito

Há sessões históricas e dramáticas. Outras nem tanto. Na noite dessa segunda-feira (12), a cassação do mandato de Eduardo Cunha pelo plenário da Câmara por um placar de goleada foi histórica, mas com pouco drama. Durante todo o tempo, poucos deputados prestavam atenção nos oradores, muitos gravavam selfies em vídeos a serem compartilhados entre seus eleitores.

Alguns conseguiram tirar melhor proveito. Foi o caso do deputado Celso Russomano (PRB), líder nas pesquisas na corrida pela Prefeitura de São Paulo. Ele escolheu um lugar estratégico para se conectar com seus seguidores nas redes sociais.

Deu seu recado da tribuna de imprensa, local privilegiado para se assistir a sessões, com uma visão ao mesmo tempo próxima e panorâmica de tudo o que rola em dias de casa cheia na Câmara.

Por quatro vezes, dali Celso Russomano falou ao vivo com seu público. Para isso, usou o Face Live, uma ferramenta liberada este ano para o público em geral pelo Facebook em que se pode fazer vídeos ao vivo e compartilhá-los em sua linha do tempo.

— Momentos antes, aviso que vou entrar no ar e mando ao vivo meu recado para 600 mil seguidores no Facebook. Tenho outros 450 mil no Instagram. É uma maneira simples e direta para me comunicar, que tenho usado intensamente na campanha eleitoral – diz Russomano.

Celso Russomano recorreu às redes sociais em uma noite em que cassação de Cunha foi sucesso absoluto. A hashtag #ForaCunha chegou a ocupar a primeira posição entre os tópicos mais comentados em todo o mundo no Twitter.

Diferente de seus colegas, Eduardo Cunha se mostrou o tempo inteiro ligado na sessão que o cassou. Do lugar em que Russomano e alguns jornalistas acompanhavam era visível seu isolamento no plenário.

Para quem ali um dia foi paparicado, chamava a atenção a ausência de interlocutores. Por longos minutos, Cunha parecia ignorado por quem estava em volta. Mas por que ele resolveu desempenhar esse papel, sendo xingado por oradores, como a deputada Clarisse Garotinho, que o chamou de mafioso e psicopata?

O experiente deputado Heráclito Fortes, que já viveu naquele plenário alguns importantes momentos históricos, não consegue entender a opção de Cunha. “Ninguém sabe o que passa pela cabeça dele”.

Um dos mais aguerridos adversários de Eduardo Cunha é o deputado Júlio Delgado, a quem derrotou na disputa pela Presidência da Câmara. No Conselho de Ética e no plenário, ele sempre esteve na linha de frente nos embates. Ontem à noite, durante a repetitiva defesa de Cunha, preferiu acompanhar no Cafezinho dos Deputados a vitória de seu Fluminense sobre o Atlético Mineiro por 4 a 2.

Mesmo com seu caráter histórico, o ato final de Eduardo Cunha na Câmara foi patético. Como se ainda tivesse uma carta na manga, depois de terminada a partida, repetiu o cansativo joguinho de sempre. Deixar ameaças no ar. “Eu não sou criminoso, não preciso fazer delação. Vou escrever um livro sobre o impeachment tornando públicos os diálogos com todos que falaram comigo. Não gravei conversas, tenho boa memória”.

Curioso é que Eduardo Cunha no julgamento político pela Câmara dos Deputados aferrou-se a uma estratégia jurídica que se mostrou inadequada. Agora, que seus inquéritos e processos vão para a primeira instância e caem nas temidas mãos do juiz Sérgio Moro, ele insinua uma ofensiva política. Heráclito Fortes parece ter razão.

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