Eduardo Cunha – Da euforia da vitória ao desgosto da derrota

Eduardo Cunha em dois momentos: a vitória e a derrota. Fotos Orlando Brito
Cunha ladeado pelos colegas deputados que o levaram à presidência da Câmara, em 1o. de janeiro de 2015. E, solitário no mesmo plenário, observando o placar de sua cassação, em 12 de setembro desse ano. Fotos Orlando Brito
Cunha ladeado pelos colegas deputados que o levaram à presidência da Câmara, em 1o. de janeiro de 2015. E, solitário no mesmo plenário, observando o placar de sua cassação, em 12 de setembro desse ano. Fotos Orlando Brito

É grande a importância da queda de um personagem da estatura de Eduardo Cunha. Afinal, é a primeira vez na história do Brasil que um presidente da Câmara dos Deputados, terceira pessoa na hierarquia do país para sentar-se na cadeira presidencial, é envolvido num processo penal de tamanho vulto e, após renunciar ao cargo, tem seu mandato cassado em decorrência de acusações criminais.

O economista Eduardo Cunha conquistou por quatro vezes uma cadeira na Câmara Federal, representando o Rio de Janeiro, onde nasceu. Chegou à presidência da Casa em 1º. de fevereiro de 2015, recebendo 267 votos dos 513 deputados. Do PMDB, derrotou o colega Arlindo Chinaglia, do PT. Sua vitória desagradou à então presidente da República, Dilma Rousseff, e seus ministros.

A convivência entre Cunha e o Palácio do Planalto nunca foi boa e agravou-se gradativamente. Em dezembro do ano passado, Eduardo Cunha acatou um dos pedidos de abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma, aprovado primeiramente pela Câmara e consumado em 31 de agosto de 2016 em votação no Senado.

O “período inferno” de Eduardo Cunha começou quando compareceu a uma reunião da CPI da Petrobrás e negou – ao responder à indagação de um de seus colegas de Câmara – possuir contas bancárias fora do Brasil, abastecidas por negócios irregulares, propinas por operações consideradas criminosas. Foi aberto contra ele, no Conselho de Ética da Câmara, processo de quebra do decoro parlamentar.

Nesse período, Eduardo Cunha sofreu vários revezes. Foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República, afastado da presidência da Câmara pelo Supremo Tribunal Federal e, por fim, teve o mandato cassado pelo placar de 450 votos contra e somente 10 a seu favor. Houve, evidentemente, uma diáspora de aliados. Muitos escolheram votar contra ele. Dez mantiveram-se fiéis. Uns se abstiveram e outros nem compareceram à sessão.

Cunha fica, pela lei, impedido de exercer mandado parlamentar por dez anos. Agora, tendo perdido o foro privilegiado, é praticamente certo que o ex-deputado Eduardo Cunha seja convocado para depor perante os delegados da Operação Java-Jato, em Curitiba, dirigida pelo juiz federal Sérgio Moro. Ao deixar a Câmara pela última vez, o deputado disse em entrevista, que pretende escrever um livro revelando conversas que teve com importantes personagens do poder e que deve abalar os alicerces da República.

Orlando Brito

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