Eduardo Cunha escalou uma montanha. Tornou-se poderoso. Achou-se imbatível. Tropeçou na própria arrogância e virou inquilino de um presídio no Paraná.
Cunha entrou, cresceu e saiu da política como um forasteiro. Mais um. Sua queda foi vertiginosa, antes de seus colegas cassarem seu mandato, o STF, sem qualquer contestação relevante, o afastou da presidência da Câmara e do exercício do mandato.
Aécio Neves já começou na política com passaporte para o alto clero. Tinha estirpe, DNA. Aproveitou bem, e mostrou talento em sua ascensão.
Para quem se apresentava como herdeiro das melhores tradições da política mineira, tidas e havidas como sábias e prudentes, pisou feio na bola. Em áudio, ele foi gravado em uma escandalosa conversa com Joesley Batista, que, em vídeo, teve como desdobramento seu primo e operador de confiança recebendo malas com a propina combinada.
Foi tão forte o impacto dessas duas gravações que até seus colegas na elite política não souberam com reagir a seu afastamento do mandato por uma decisão monocrática do ministro Edson Fachin.
Passado o susto, os caciques no Senado ficaram à espreita. Quando, por maioria de votos, a Primeira Turma do STF afastou de novo Aécio Neves, e ainda impôs outras restrições, resolveram reagir. Ameaçaram peitar o Supremo.
Bombeiros daqui e dali baixaram a bola e, como não poderia deixar de ser, a decisão ficou para o plenário do Supremo, em sessão marcada para essa quarta-feira (11). Na expectativa dos caciques do Senado, os ministros do STF, mesmo que parcialmente, vão atender os reclamos dos políticos.
Na ótica deles, será um fecho de ouro para o recuo em cascata em outros poderes. Alguns escancarados. A Advocacia-Geral da União, por exemplo, deu parecer favorável ao afastamento de Eduardo Cunha e contra o de Aécio Neves. Com argumentos opostos. Pelo que alegou, a impressão é de que cada parecer atende aos interesses de quem o solicitou. Antes foi da instituição, agora da Presidência da República. Não convenceu.
Outra guinada foram nos pareceres conflitantes da Advocacia do Senado. Antes o Supremo podia aplicar punições cautelares aos parlamentares, agora não pode mais. Essa mudança radical foi atribuída ao desejo da maioria dos senadores. Tampouco convenceu. Se a política condiciona a interpretação jurídica, ela perde seu valor.
A Advocacia da Câmara também resolveu meter o bedelho. Foi na mesma linha dos colegas do Senado e da AGU.
Até agora, os parlamentares estão vencendo de goleada quem pretende puni-los, com medidas cautelares, no Supremo. Estão convencidos que a maioria dos ministros vai concordar com seus argumentos e/ou pressões. Esperam, assim, uma nova, e definitiva, vitória no STF.
A conferir.