Com o argumento de que o procedimento padrão é não falar sobre pedidos de medidas cautelares, o procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, em entrevista coletiva, acaba de se recusar a confirmar ou desmentir se pediu ao juiz Sérgio Moro a prisão do ex-presidente Lula.
A dúvida que fica no ar é ainda mais instigante pelo que ocorreu antes. Em uma exposição com os integrantes da força-tarefa, com a participação de procuradores, delegados da Polícia Federal e auditores da Receita Federal, Dallagnol partiu para um ataque frontal contra Lula. Com recursos gráficos, apresentou todo o histórico da Operação Lava Jato, com incursões no escândalo do Mensalão, para acusar Lula de ser o chefe do esquema de corrupção na Petrobras e em outras empresas estatais. “Ele é o comandante máximo do que esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato”, acusou Deltan Dallagnol.
A fila anda. Confirma-se a expectativa geral de que, depois do impeachment de Dilma Rousseff e a cassação do mandato de Eduardo Cunha, chegaria a vez de Lula. O que se questionava era de como isso ocorreria. Esperava-se apenas a denúncia, também feita hoje, sobre as supostas benesses dadas a Lula e a sua família pela construtora OAS no apartamento triplex do Guarujá, no sítio de Atibaia, na compra de cozinhas e móveis de luxo, e no aluguel de armazéns para guardar pertences do ex-presidente.
Como não foi revelado se, além da denúncia, há pedidos de medidas cautelares, ainda não é possível se está vindo alguma surpresa pelo caminho. O juiz Sérgio Moro está em Nova York, volta no fim de semana. Em sua ausência responde a juíza federal Gabriela Hardt.
Em rápidos afastamentos do titular, exceto quando se trata de jogo combinado, o interino fica na sua. Aguarda. Chama a atenção, no entanto, o tamanho do petardo disparado pela força-tarefa com Sérgio Moro ausente.
O que pode vir pela frente talvez decifre como tudo isso foi articulado. E, também, o seu alcance.