Há exato um ano, o Senado abriu o processo de impeachment e afastou Dilma Rousseff do poder. Afora previsíveis esperneios, apesar de toda carga histórica, foi uma queda praticamente sem drama. Ela já não conseguia governar e havia perdido toda e qualquer relevância política.
De lá para cá, Dilma segue se apresentando como vítima de um golpe parlamentar, perpetrado por forças sinistras. Por essa narrativa, ela teria pago o preço por não se coadunar com retrocessos em conquistas sociais e não aceitar malfeitos éticos.
A exemplo de Lula, Dilma continua batendo na tecla de que nada sabia de corrupção em seu governo e de dinheiro sujo financiando suas campanhas eleitorais.
Nem confissões como as da Odebrecht, que a deixaram mal na fita, afetaram seu discurso. Não sabia e não foi conveniente com nada errado. Quem disser o contrário está mentindo.
Tem sido mais inflexível que Lula. Quando corre o risco de aparecer alguma evidência, Lula admite encontros relatados por seus amigos empreiteiros e por Renato Duque, mas dá versões diferentes, menos comprometedoras.
A divulgação nessa quinta-feira (11) dos depoimentos dos marqueteiro João Santana e Mônica Moura foi muito ruim para Lula. De acordo com o casal, era Lula quem dava a palavra final sobre os acertos com Antonio Palocci para o pagamento de despesas de campanha eleitoral com dinheiro de propina.
É um reforço e tanto a acusação do Ministério Público de que Lula seria o chefe da quadrilha que roubava a Petrobras e outras empresas estatais.
Dilma também foi atingida em cheio. A denúncia de que repassava aos investigados informações sigilosas da Operação Lava Jato, obtidas pelo ministro José Eduardo Cardoso, pode ser mortal. Se Mônica Moura e João Santana comprovarem que foram avisados por ela de que havia uma ordem judicial para prende-los, Dilma vai se meter em uma encrenca das grandes.
Dilma diz que, como todos que a acusam, João Santana e Mônica Moura prestaram falso testemunho. Os investigadores da Lava Jato vão apurar a história. Dilma pode entrar no olho do furacão.
Quem vai comandar a investigação é o juiz Sérgio Moro. Foi dele a ordem judicial que Dilma teria vazado, por e-mail secreto, a Mônica Moura.
A conferir.