Na vida e na política, o desespero geralmente é mau conselheiro. Em tempos sem estadistas, no ápice do maior escândalo de corrupção da história, rola um barata voa na intimidade da elite do poder em Brasília e país afora.
A divulgação do time de estrelas de todos os naipes na lista de Rodrigo Janot é só um aperitivo. Esperado. Diferente da primeira lista, em que havia mais pistas do que provas, o que dessa vez foi entregue ao Supremo Tribunal Federal é muito mais consistente.
A Odebrecht consegue dar um banho nas concorrentes, inclusive nas delações premiadas. Ouvi isso de um investigador, surpreso com o profissionalismo da turma.
Quando fica difícil para as chamadas autoridades conseguirem se explicar, recorre-se a reforma política. Monta-se um cenário e seja o que Deus quiser. Foi assim, por exemplo, com Dilma Rousseff.
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Hoje, Michel Temer é o protagonista de mais um desses espetáculos. Vai contracenar com Gilmar Mendes, Eunício Oliveira e Rodrigo Maia no Palácio do Planalto.
Ouço de gente respeitável que essa pode ser uma oportunidade para dar uma virada na viciada política brasileira.
Por essa leitura, como o desespero é geral, os políticos estariam dispostos a abrir mão de instrumentos que sempre usaram para se perpetuarem no poder. Ganharia a democracia.
Como na bela canção de Roberto Carlos, dizem que daqui pra frente tudo será diferente.
Mesmo dando um crédito de confiança para quem sempre enganou, fica no ar uma pergunta sem resposta: Qual é o preço?
Querem anistiar todas as falcatruas, nas mais variadas gradações, que cometeram até aqui.
Simples assim.
O problema deles é que ninguém está engolindo essa lorota. Nas redes sociais e nas programadas mobilizações de rua a revolta é geral. A opinião pública não aceita pagar esse preço.
Eles apostavam que, em nome das reformas que podem ajudar a economia brasileira sair do buraco, haveria uma reação branda da mídia.
Outra avaliação errada.
Tomaram um cartão amarelo da Globo.