Cresce o nervosismo entre políticos poderosos que serão alvos nas delações da Odebrecht. Não conseguem nem mais encenar aquela aparente frieza, fruto de anos de treinamento para enfrentar adversários e engabelar eleitores.
Alguns estão à beira de perder as estribeiras. Há tempos, Renan Calheiros dá mostras disso ao entrar em bolas divididas que antes tirava de letra.
Renan virou um fio exposto, gerador de tensões. Só que sem o mesmo poder de quando presidia o Senado.
Há senadores do PMDB que esbravejam em conversas reservadas, mas ainda se poupam em público. Temem que seus casos sejam abreviados nas investigações.
Na mesma pilha de Renan, Romero Jucá trocou o figurino de político jeitoso, construtor de consensos, pelo papel de raivoso. O que o tira do sério não é o fato de, na sexta-feira (17), ter sido hostilizado no aeroporto de Boa Vista, seu reduto eleitoral. “Graças a Deus eu ando pelo Brasil e as pessoas pedem para tirar fotos comigo”, tentou disfarçar o mal estar.
Nem as críticas a seus projetos e manobras na contramão da Lava Jato o perturbam tanto.
Mais que as bravatas e as bobagens contra a imprensa ditas em discurso no Senado nesta segunda-feira (20), Romero Jucá exibiu medo.
— Eu não vou morrer de véspera. Eu não me entrego. Sei o que fiz, o que defendo e o que vou fazer.
É aguardar.