A mágica de jogar luz em Velloso para tirar Temer das cordas

Teve algo de feitiçaria política na breve exposição de Carlos Velloso como eventual ministro da Justiça. Para um mineiro, juiz de carreira, ex-ministro do STF, não necessariamente nessa ordem, chamou a atenção seu repentino jeito afoito.

Mal apareceu no cenário, ele desandou a falar, em sucessivas entrevistas à imprensa, pondo o dedo em várias feridas, todas bem incômodas para Michel Temer e aliados.

Em resumo, Carlos Velloso disse e repetiu a todos que quisessem ouvi-lo:

  • – A Operação Lava Jato é intocável;
  • – O juiz Sérgio Moro é rigoroso, mas justo;
  • – O foro privilegiado é uma excrescência.

Quem costuma enxergar um pouquinho além da fumaça, estranhou. Afinal, como alguém, com toda a experiência e tão badalado currículo, entrou de sola em tantas bolas divididas com os caciques políticos que politicamente sustentam o governo Temer?

O establishment, claro, aplaudiu. Na ótica deles, um juiz confiável. Outro mérito dessa escolha seria tirar do páreo, político ou criminalista, alguém carimbado contra a Lava Jato. Além de inviável, seria a opção de bater de frente com o que pensa a população, um erro grosseiro.

Na travessia de Temer por sua pinguela, esse balé com Carlos Velloso na ribalta foi mais relevante do que a recusa dele ao cargo, combinada, esperada ou não.

Foi o suficiente para Temer sair das cordas.

Deu tempo para ele respirar e ouvir ventos opostos.

Pode escolher seu quadrado no ringue.

Se errar, pode abrir brecha para seu nocaute.

A conferir.

 

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