Pela narrativa petista, em período de campanha eleitoral, qualquer decisão judicial contra seus filiados tem conotação política, com inegável propósito de influenciar nas eleições municipais. Foi assim, em uníssono, que eles reagiram às decisões do juiz federal Sérgio Moro acatando a denúncia contra o ex-presidente Lula e os pedidos de prisão dos ex-ministros Guido Mantega e Antonio Palocci.
Com o próprio Lula puxando o coro, falaram grosso contra Moro, o Ministério Público e a Polícia Federal. Lula disse que a operação que prendeu Mantega deveria se chamar “Operação Boca de Urna”.
Pela agressividade dos ataques até parecia que os suspeitos de terem praticado crimes seriam Sérgio Moro e os investigadores federais e não a turma que assaltou a Petrobras e outras empresas estatais.
Mas, em plena semana da eleição, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal decide, por unanimidade, abrir ação penal contra a senadora Gleisi Hoffmann e seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, ambos caciques petistas. Eles agora são réus, acusados de receberem dinheiro de propina para financiar a campanha eleitoral da senadora. Vão responder por dois crimes: corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Pois bem. Como reagiram os petistas? Pouco antes da decisão do STF, Gleisi afirmou, da tribuna, que a Operação Lava Jato está completamente fora dos trilhos. “Lamento que o Brasil esteja passando por isso. Nós vamos fazer denúncia internacional. A frágil democracia brasileira está passando por uma ação continuada de golpe”.
Depois que virou ré na Lava Jato, a senadora baixou a bola. Em nota, disse que sentiu “profunda tristeza” com a decisão do STF e a considerou uma oportunidade para que possa se defender e mostrar a improcedência das acusações. Seus colegas petistas preferiram o silêncio.