Na novela Caminho das Índias, escrita por Glória Peres, o povo indiano falava português fluente, dançava o tempo todo, era supersticioso e fazia questão de cultivar suas tradições. À primeira vista pareciam atrasados em relação a nós brasileiros.
A realidade parece ser bem diferente. Nos últimos anos a economia da Índia tem crescido a uma taxa média anual de 7%. No ano passado o crescimento registrado do PIB do país asiático foi de 7,5%, enquanto que o do Brasil registrou uma queda de 3,8%.
Além das diferenças econômicas, a Índia se distancia ainda mais do Brasil em relação ao desenvolvimento tecnológico. O setor industrial do país indiano está cada vez mais diversificado. As áreas que mais se desenvolvem são as de fertilizantes e biotecnologia, produtos químicos, softwares e medicamentos.
No Brasil a situação é oposta. As indústrias retraíram junto com a econômica. O agronegócio foi o único setor que se manteve de pé diante da crise econômica enfrentada pelo país nos últimos anos. Para o mundo não somos um país industrial, mas um país agrícola. Vislumbrando a possibilidade de crescimento, a Índia quer juntar a fome com a vontade de comer e oferece parceria ao Brasil.
Nesta segunda-feira (19), aproveitando a presença do ministro da Agricultura do Brasil, Blairo Maggi, ao país asiático para participar da reunião dos BRICS, a empresa UPL – um gigante do setor de agroquímicos – vai anunciar um investimento de cerca de US$ 1 bilhão para a instalação de uma fábrica de defensivos agrícolas no Brasil.
Provavelmente esse é o maior investimento de uma multinacional anunciado no país desde que Michel Temer assumiu. A empresa queria instalar sua fábrica na Bahia para aproveitar o polo petroquímico de Camaçari, mas está preocupada com a contaminação do lençol freático da região e pensa em mudar o investimento para outro estado.
Ao que parece, em sentido inverso ao dos navegadores portugueses e espanhóis, os indianos é que estão fazendo o caminho para o Brasil.