FHC é trunfo contra ofensiva do PT

Ex-presidente FHC - Foto Orlando Brito

O esforço do Palácio do Planalto e do PT de vender ao mundo a narrativa de que está ocorrendo um golpe parlamentar para derrubar a presidente Dilma Rousseff não conseguiu os resultados esperados. Até agora, os apoios externos são inexpressivos. Alguma repercussão na imprensa de outros países e manifestações de dirigentes de entidades da América Latina que chegaram aos cargos com o apoio do governo brasileiro. Mesmo assim, incomodam o entorno do vice-presidente Michel Temer.

Mais que as investidas petistas, são os próprios percalços que deixam Temer em uma situação algo delicada. Como ele mesmo reconhece, foi um vice-presidente decorativo. É irrelevante sua inserção internacional. Mas isso não seria um problema se, com bons cicerones, depois que assumir o governo, ele fizesse pelo menos uma viagem aos Estados Unidos ou a algum país de peso na Europa.

Certamente, seria muito bem recebido. O problema é que, se o Supremo Tribunal Federal não abreviar sua gestão na Presidência da Câmara, será o deputado Eduardo Cunha quem sentará na cadeira presidencial no Palácio do Planalto. Aí, sim, seria um golpe contra a imagem e os propósitos do movimento a favor do impeachment.

O deputado Heráclito Fortes, anfitrião de almoços e jantares que pavimentaram o caminho do impeachment na Câmara, está na linha de frente contra a ofensiva internacional do PT. Na avaliação dele, petistas no Itamaraty e em cargos chaves em instituições como a Organização dos Estados Americanos ( OEA) e a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), estão conseguindo fazer algum barulho. Antes que isso possa crescer, a ideia é aplicar uma vacina. Aí, entram em cena os tucanos, bem relacionados lá fora.

O senador Aloysio Nunes Ferreira, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, está nos Estados Unidos explicando para autoridades americanas o processo de impeachment no Brasil. Mas o grande trunfo da turma de Temer é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Por telefone, encontros ou entrevistas, ele neutraliza a ofensiva petista. Sem nenhum esforço, aliás. Dilma é tida como carta fora do baralho aqui e lá fora.

Dilma também viveu um dilema. Depois de cancelar três agendas no exterior, decidiu ir amanhã (20) a Nova York para participar da cerimônia do histórico Acordo de Paris — um pequeno, mas importante avanço na preservação do planeta. Certamente, sua despedida da nata do poder mundial. Esse gostinho derradeiro vale mais do que o desgosto de deixar Temer antecipadamente sentar na cadeira presidencial.

 

 

 

 

 

 

 

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