O presidente interino Michel Temer orientou sua assessoria a, na medida do possível, simplesmente ignorar o que a presidente afastada Dilma Roussef disser ou fizer. Ela dá entrevista a Luis Nassif, com contrato suspenso na Empresa Brasil de Comunicação, como se ele estivesse fazendo um frila para a Rede Minas, televisão do governo de Minas Gerais, usando o pessoal e equipamentos da EBC. Dentro da empresa foi um quiproquó, mas o Planalto faz de conta que não está nem aí.
Na tal entrevista, Dilma admite a possibilidade de, se voltar ao poder, propor ao Congresso a convocação de um plebiscito para que os eleitores digam se querem ou não uma eleição presidencial antecipada. Nas hostes dilmistas, isso é comemorado como uma grande concessão. Com o cacife real de Dilma, parece venda de lote na Lua. A turma do Planalto finge que nem ouviu.
Dilma foi a Campinas vistoriar a construção do laboratório de acelerador de partículas, uma louvável obra do PAC, como se não tivesse fora do exercício do poder. Quem acha isso normal diz que qualquer cidadão pode visitar obras públicas. Os tucanos planejam pedir a Renan Calheiros que, em obediência à decisão do Senado, Dilma seja informada, mesmo se achando vítima de um “golpe”, a não viajar país afora para verificar como andam as obras do governo federal. O Palácio do Planalto simplesmente não tem nada a falar sobre isso.
Mesmo calada, a turma de Temer passa um pente fino nas despesas de Dilma, reduzindo cargos a sua disposição, proibindo o uso sem limites de aviões presidenciais, fiscalizando os gastos com cartão corporativo…