Mais eloquente do que os ataques e agressões de bolsonaristas, que seguem uma mesma cartilha, é o obsequioso silêncio do presidente da República e do seu clã diante das novas ameaças a democracia. O jogo da família sempre foi testar o limite de seus poderes. De preferência, com mãos alheias. Dessa vez, foram as do deputado Daniel Silveira, um bobalhão que se acha protótipo de valentão na tropa de choque de Bolsonaro. Como não colou, o clã tenta se descolar do que deu errado.
O problema é que seria apenas ridículo se não namorasse com o trágico. Alegar liberdade de expressão para ameaçar a vida de quem quer seja, com o agravante de dirigidos a ministros do STF, é crime em todos os pontos de vista legais.
Como tudo isso está na berlinda, por causa da sucessão de atropelos revelados nessa verdadeira DR nas instituições, a partir do general Vilas Boas compartilhar uma polêmica manifestação contra Lula com o Alto Comando do Exército, o clima fica mais acirrado. Houve uma troca de estocadas entre os protagonistas.
Ficou no ar que esse recado militar, na época apenas um tuíte do general Vilas Boas, teria sido decisivo para Lula ir para a cadeia, depois de condenado por corrupção e lavagem de dinheiro em todas as instâncias para começar a cumprir a pena.
Na esteira desses embates, a questão posta em jogo pelo deputado Daniel Silveira, com a malandra alegação de se somar ao general Villas Boas, é questionar a própria democracia. Passou de todos os limites. Merece ser punido. Mas é uma questão menor no tamanho da impunidade em jogo.
Com o Centrão como intermediário, bolsonaristas e lulistas e muitos outros são parceiros no jogo para brecar as apurações sobre corrupção. Talvez, a maior unanimidade política em décadas. O que une gente de todos os naipes é passar a borracha sobre tudo que a Lava Jato desvendou.
A ponta de lança nesse jogo que o tal Daniel Silveira quis assumir o protagonismo, apostando em um suposto medo de quem pilota as instituições, deu ruim. Ele já dançou. A dúvida é de quem vai bailar junto.
A conferir.