Eduardo Cunha começa a mostrar suas cartas. As perguntas que formulou para o presidente Michel Temer são um verdadeiro roteiro de uma eventual delação premiada. Ou então uma chantagem explícita.
Nada menos que 21 das 41 indagações foram vetadas pelo juiz Sérgio Moro com a explicação de que não cabe ao juizado de primeira instância investigar, direta ou indiretamente, o presidente da República.
Cunha pergunta sobre conversas do presidente com Jorge Zelada, ex-diretor Internacional da Petrobras, preso em Curitiba, inclusive a respeito de um encontro na casa de Temer em São Paulo. Zelada foi indicado para o cargo pelo PMDB.
Em uma conversa na Base Aérea de Brasília, com a participação de Renan Calheiros, Eduardo Cunha, em tom de ameaça, disse a Temer que ele poderia ser fisgado na Operação Lava Jato por causa de suas relações com Zelada.
Cunha pergunta também quantas vezes Michel Temer se encontrou com João Augusto Henriques — operador na Petrobras de propina para o PMDB –, também preso em Curitiba. Cunha indaga sobre que assuntos trataram nessas conversas.
Outra pergunta que mais parece uma denúncia: Se Temer, em seu escritório político em São Paulo, se reuniu com fornecedores da Diretoria Internacional da Petrobras para pedir dinheiro na campanha eleitoral de 2010. De acordo com Cunha, João Henriques participou da reunião.
Eduardo Cunha também mira em José Yunes, velho amigo e assessor especial de Temer. Pergunta se ele arrecadou dinheiro para a campanha de “forma oficial ou não declarada?”.
Tudo indica que Michel Temer não sai tão cedo da zona de turbulência em que entrou com o caso do espigão na Bahia.