Por sua árvore genealógica, o DEM é filho do PFL, neto do PDS, e bisneto da Arena. Pode-se até incluir raízes mais distantes como a velha UDN. Mas o DNA deles tem um traço marcante, que os diferencia.
Os udenistas sempre foram craques como oposição, os antepassados do DEM sempre vicejaram no governismo – na ditadura, na transição para a democracia e nos governos Fernando Henrique.
Sofreram na oposição aos governos petistas, perderam espaço até na parceria com os tucanos, pareciam fadados à irrelevância.
O debacle petista, com suas principais estrelas mergulhadas em um pântano de escândalos, Lula na proa, ressuscitou as forças de direita no país. Os tucanos, com algum verniz social democrata, seriam a alternativa óbvia, mas ainda não conseguiram sair de seu próprio labirinto. E, também, da areia movediça em que alguns de seus principais caciques, Aécio à frente, os meteram.
Quem vem surfando nesse vácuo é a direita troglodita de Jair Bolsonaro. A tendência, por mais irada que esteja a população, é que ele naufrague na hora do vamos ver no tombo do navio. Ele parece só saber nadar, com dificuldade, no raso.
Como nas mudanças das marés e das nuvens, o vento também é um bicho solto na política.
Fortes ventanias derrubaram Dilma Rousseff e Eduardo Cunha. Michel Temer, como previsto nas regras constitucionais, virou presidente da República. E Rodrigo Maia, de maneira surpreendente, sucedeu Cunha.
Nessa tempestade em que o foco das elites políticas é não se afogar, Maia virou boia de salvação. Por duas vezes, ajudou a salvar Michel Temer. Mais: constrói pontes com o STF, como no caso do foro privilegiado, para manter à tona quem já havia perdido fôlego e esperança.
Assim, navegando nesse mar revolto, Rodrigo Maia convenceu seu partido e boa parte da base governista, que está enxergando terra à vista pós 2018.
Seu mapa de navegação ainda não é muito claro. Ninguém acredita que, se for apenas solo, chegue a um porto seguro. Mas, ao atrair os barcos do Centrão, piratas ou não, está montando uma frota que, se alinhada ao Planalto, certamente terá protagonismo na batalha eleitoral.
Com uma bússola algo descalibrada, os tucanos tentam mostrar sua armada no domingo 9 de dezembro. Na sexta-feira seguinte, com a exposição dos parlamentares de outros partidos que atraiu para seu time, o DEM mostra sua frota.
Com o vento palaciano, e o apoio do Centrão, pode até navegar por conta própria.
O histórico, porém, sugere que está de cacifando para enfrentar as ondas junto com os tucanos.
A conferir.